CMTU tem seis meses para definir modelo de contrato com cooperativas

A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) decidiu prorrogar o prazo de validade dos contratos firmados entre o poder público e as sete cooperativas de materiais recicláveis que atuam em Londrina. Os contratos chegaram ao fim há cerca de 20 dias e foram prorrogados por mais seis meses. Desta forma, o município tem até abril do ano que vem para discutir soluções para o atual modelo de contratação das cooperativas, o que ocorre enquanto a cidade também elabora o PMGIRS (Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos), conforme exige a legislação federal. Procurada, a CMTU informou que não irá se manifestar sobre o assunto neste momento.

Conforme apurou a reportagem com os presidentes de duas cooperativas de Londrina, o aditivo de prazo já era esperado diante da atual realidade financeira do país. Porém, não foi discutido com a categoria. “Não é muito bom [a prorrogação]”, lamentou o presidente da Coperregião, Zaqueo Vieira. “Para as cooperativas fica meio defasado e todas as coisas de lá para cá subiu. A cooperativa vai ter que ter um jogo de cintura muito grande, as coisas subiram, mas o contrato não. O gasto dobrou, mas o contrato continua”, avaliou.

Para ele, outro desafio encontrado pelos cooperados é o rápido crescimento de um dos bairros que estão sob responsabilidade da Coperregião, na zona sul. “Torcemos para que eles pensem melhor, reflitam, porque a cooperativa não tem como tocar com esse valor. Nós fazemos a Gleba Palhano. De lá para cá, quantos apartamentos saíram na Gleba? Nós éramos responsáveis por 89 mil domicílios, hoje passa de 100 mil”, avaliou.

A principal dificuldade financeira encontrada pelos cooperados é a mesma que preocupa boa parte da população brasileira: os reajustes nos preços dos combustíveis. No caso deles, a alta de 65,3% no litro do diesel somente em 2021.

Disponível no portal da CMTU, o contrato com a Coperregião assinado em 2017 previa o pagamento de R$ 1,47 por mês por domicílio visitado para o custeio do serviço de coleta, insumos e manutenção dos veículos e equipamentos utilizados pelos cooperados. À época, foram considerados 87.383 domicílios em todo o lote. Já para a locação do imóvel que receberá o material, o contrato prevê o pagamento de R$ 0,39 por domicílio da área de abrangência.

Por conta destas características, o valor do contrato com a Coperregião ficou estabelecido em R$ 6,9 milhões, montante que não necessariamente será pago à cooperativa. Só para se ter uma ideia, as sete cooperativas de Londrina receberam, ao todo, R$ 5,4 milhões entre novembro de 2019 e outubro de 2020. O dado está disponível no relatório de custo incorrido referente ao sistema de coleta, fiscalização, tratamento e destinação final do lixo domiciliar, elaborado pela CMTU. Ao todo, foram destinados mais de R$ 43 milhões para estes serviços no período.

Além de não contemplar o aumento dos preços e a inflação do período, a medida foi adotada enquanto as coperativas também enfrentam o agravamento de velhos desafios. Um deles é a concorrência com catadores informais, que teria aumentado por conta do desemprego, avaliou a presidente da Coocepeve, Sandra Araújo Barroso Silva. Para ela, a prorrogação do prazo já era esperada. “Não dá para ter muito de novo diante da crise. Era uma coisa que de fato iria acontecer", afirmou.

A cooperativa é responsável por 25 mil domicílios e encontra-se com um número reduzido de cooperados. Enquanto o ideal seria 38 profissionais, hoje em dia apenas 23 estão atuando na cooperativa. "Era previsto no contrato. Antes tínhamos três vezes mais material. Entrou tanta gente para catar na rua que o que vendíamos por semana, hoje leva um mês para vender. O cooperado começa a sentir o medo do desemprego”, avaliou.

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