Autorizados a retomar as atividades com uma série de restrições, os clubes sociais de Londrina se preparam para receber seus associados de olho em um movimento um pouco maior neste final de semana, depois de cinco meses de quarentena, em suas dependências. O momento servirá para “medir a febre” sobre o cumprimento de uma série de medidas de combate à transmissão do coronavírus que foram estabelecidas no decreto assinado pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) e publicado nesta semana. À FOLHA, presidentes de três clubes tradicionais de Londrina disseram estar ansiosos e avaliaram que o retorno será “tranquilo”, porém, dizem estar preparados para tomar atitudes mais duras com associados que desrespeitarem as novas regras.

Iate Clube reforçou a comunicação para melhorar o contato com os associados
Iate Clube reforçou a comunicação para melhorar o contato com os associados | Foto: Ana Sebold/Divulgação

A reabertura dos clubes não deve - ou não deveria - sugerir um relaxamento com relação à gravidade da doença, especialmente por parte da população que se enquadra no grupo de risco. Entretanto, ao mesmo tempo em que a cidade ultrapassa a marca de 6,2 mil casos e registra 78% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos da Covid-19 na rede pública e 84% de ocupação geral, exercitar o lazer em um local movimentado pode ser considerado uma irresponsabilidade neste momento.

Enquanto atividades esportivas coletivas e de lazer continuam proibidas, bem como a utilização dos salões de festas para shows e eventos sociais, as academias de ginástica dos clubes deverão seguir as mesmas novas regras de funcionamento estipuladas para o setor de academias e centros de ginástica. Na prática, o decreto municipal limita em 30% o funcionamento dos clubes, tornando proibida a utilização de vestiários, saunas, banheiras, salas de jogos, briquedotecas, piscinas e salas de jogos. Até bebedores de água deverão ser lacrados por representarem grandes facilitadores da transmissão do vírus.

Comodoro do Iate Clube de Londrina, Paulo Bassani está “otimista”. De acordo com ele, o clube reforçou a equipe de comunicação para melhorar o contato com os associados neste momento e apostou na “orientação”. “Estamos trabalhando com a nossa mídia digital para mostrar a situação do clube, que está muito bem cuidado e que não abriu totalmente nesta primeira fase. Protagonizamos uma luta, participamos de muitas reuniões na Prefeitura, até conseguirmos essa isonomia. A primeira fase é isonomia com as atividades de bares, restaurantes e esportes individuais. E com todas essas providências, cartazes, controle de temperatura, temos boas expetativas que as pessoas venham e também cumpram o seu débito. Estamos muito otimistas”, avaliou.

A mesma expectativa é compartilhada por Fernando Berbel, presidente da Arel (Associação Recreativa e Esportiva Londrinense). Ao longo desta quinta-feira (3), a administração do clube dará início ao cadastramento dos associados para a utilização da academia e demais atividades permitidas no decreto. “Vamos ter que diminuir a quantidade de sócios na área da academia, então vamos fazer um agendamento. Na semana que vem, aos poucos, voltam tênis, judô, muay thai, ginástica e ioga”, lembrou.

Entretanto, os cerca de 9,5 mil associados seguirão sem poder acessar as churrasqueiras e o parque aquático. A expectativa é que a ampla maioria dos sócios cumpra as regras e não deixe, por exemplo, de transitar pelas dependências dos clubes usando máscaras. Entretanto, experiências “desagradáveis” registradas em alguns clube do País, especialmente com associados que ocupam altos cargos, gozam de notável prestígio na sociedade e não seguiram as regras, fez com que a diretoria do Country Club de Londrina tomasse uma medida preventiva e necessária, destacou o presidente Luciano Bucharles.

De acordo com o ele, o Conselho Deliberativo do clube já recebeu uma requisição que solicita a suspensão preventiva da ação dos associados que descumprirem alguma dessas regras. “Então se ele for visto descumprindo alguma coisa importante, vai ser suspenso, independentemente do Conselho Disciplinar. Se a pessoa não entende o momento que estamos vivendo, é lamentável, mas imagino que não teremos problemas. Já enviamos orientações aos associados e contamos com a colaboração de todos”, avaliou.