Cientistas testarão nova técnica de combate à dengue Da correspondente Monica Yanakiew
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2000
Washington, 29 (AE) - Este ano, cientistas norte-americanos testarão no Brasil uma nova técnica para combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue. A doença custa ao governo brasileiro US$ 500.000 por dia, segundo o ministro da Saúde, José Serra.
Serra assinou hoje (29) um acordo de cooperação com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que permitirá o início dos testes. A nova técnica é diferente daquelas utilizadas até hoje porque não envolve a utilização de inseticidas.
"O mosquito, que também transmite a febre amarela, tem desenvolvido resistência aos inseticidas", explicou Serra.
Em vez de inseticidas, cientistas norte-americanos e brasileiros utilizarão um protozoário chamado Edhazardia Aedis. O protozoário é colocado nos locais onde o mosquito se reproduz e infecta apenas a larva do Aedes aegypti, sem causar danos a outros insetos, plantas, animais ou seres humanos.
O protozoário foi desenvolvido pelos cientistas do Centro ARS para Entomologia Médica, Agrícola e Veterninária em Gainesville, na Flórida.
Durante anos, eles trabalharam com cientistas brasileiros no controle da dengue. A nova técnica só foi testada até agora, em pequena escala, nos Estados Unidos. O primeiro teste, em larga escala, serão realizados no Brasil este ano.
"Os testes determinarão quantos protozoários precisamos utilizar e onde colocá-los", explicou Serra. O mesmo mosquito que transmite a dengue, transmite a febre amarela, que não existe no Brasil desde 1942. "Mas ao combater o Aedes aegypti estaremos bloqueando definitivamente qualquer ameaça de ressurgimento da febre amarela urbana", explicou o ministro.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a dengue (cujos sintomas são parecidos aos de uma forte gripe) se alastrou pelo mundo nos últimos anos e deve infectar 50 milhões de pessoas anualmente. Nos EUA, o mosquito transmissor foi praticamente eliminado: atualmente encontra-se confinado às áreas do extremo sul da Flórida e do Texas.