Roma - Cientistas do Hospital San Rafael de Milão (Norte da Itália) querem estudar a molécula da memória, que ninguém sabe onde se encontra. Para isso, começaram a observar o caso de um jovem de 26 anos com uma memória prodigiosa. O anúncio foi feito pelo professor italiano Antonio Malgaroli, durante um curso de fisiologia realizado esta semana no hospital milanês.
O sonho do catedrático italiano, que convidou o jovem, Gianni Golfera, a fazer uma demonstração de sua extraordinária capacidade para memorizar números e textos, é o de chegar a estudar, com técnicas superavançadas, a memória no Dna (Ácido Desoxidoribonucléico), o cartão de identidade genética de todos os seres vivos. ‘‘Uma idéia que poderá ser posta em prática a longuíssimo prazo, mas estamos no bom caminho’’, assegurou o professor.
Golfera conhece de memória 261 volumes de textos de filosofia, que vão desde os neoplatônicos até o renascimento europeu, aplicando muitas das técnicas empregadas pelo sábio e herege italiano Giordano Bruno, que aprendeu no século XVI em um convento as técnicas ocultas para desenvolver a memória.
‘‘Enquanto a maioria das pessoas que goza de uma memória tão prodigiosa tem problemas psicológicos, Golfera estuda e organiza sua memória, que ao que parece é um dom de família’’, assegurou Malgaroli ao jornal La Repubblica.
‘‘Talvez no futuro as características genéticas dessa família possam ser estudadas e analisadas com técnicas tais como um microchip no sangue’’, disse o cientista.
O pai e o avô de Golfera, os dois pilotos de avião, têm uma memória excepcional. Enquanto o avô sabe de memória todos os poemas dos clássicos gregos, o pai, de 42 anos, pode pilotar um avião sem os mapas, já que os conhece de memória.
O jovem, que exercita sua memória desde a infância, como também o fizeram seus parentes, repetiu ante os universitários milaneses sem titubear os 48 números exigidos pelos estudantes durante menos de três minutos, repetindo-os com os olhos vendados do início ao final e vice-versa.