Chuvas matam 12 pessoas e desabrigam 550 no Rio
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segunda-feira, 03 de janeiro de 2000
Por Murilo Fiuza de Melo e Clarissa Thomé
Rio, 03 (AE) - Doze pessoas morreram e outras 550 estão desabrigadas em consequência das chuvas que atingem o Estado do Rio desde a noite do réveillon. As regiões serrana e sul foram as mais afetadas, com deslizamentos de terras, ruas e casas alagadas. A Rodovia Presidente Dutra ficou interditada, provocando um engarrafamento de 26 quilômetros na direção Rio-São Paulo e mais oito quilômetros no sentido inverso. O fechamento da Dutra provocou tumulto na Rodoviária Novo Rio, que suspendeu todas as viagens para a capital paulista.
Um dos corpos dos 12 mortos contabilizados pela Defesa Civil continuava desaparecido até o final da tarde. "Pela nossa experiência, a vítima não deve estar viva", comentou o diretor de apoio comunitário da Defesa Civil Estadual, coronel Jorge Lopes, ao explicar que a prioridade do órgão não seria procurar desaparecidos. "Vamos mobilizar esforços para onde há chance de encontrar pessoas com vida". Quatro vítimas fatais estavam em Teresópolis, na região serrana.
Catarina Dolorosa Firmino, de 50 anos, e duas crianças de dez e três anos foram soterradas por uma casa que desabou, no bairro Jardim Salaco. Na localidade de Vale da Revolta, também na região serrana, o desmoronamento de outra casa matou Adriano de Medeiros, de 21 anos. Em Araras, distrito de Petrópolis, Gilberto Souza da Silva, de 24 anos, subiu no telhado de sua casa para se proteger da inundação, mas morreu depois de perder o equilíbrio e cair. Houve alagamento na Rodovia Washignton Luiz
que liga Rio à cidade serrana.
Os bombeiros de Três Rios, cidade vizinha a Petrópolis, conseguiram resgatar cinco pessoas do Rio Paraíba, que ficou um metro acima do normal, mas Ivalmir Monteiro da Silva, de 22 anos
acabou morrendo ao tentar salvar seu cachorro. No Rio Paraíba do Sul, também em Três Rios, Charles Maciel dos Santos, de 29 anos, também não conseguiu sobreviver. Ele se afogou depois que se carro caiu no rio. Em Engenheiro Passos, distrito de Resende, a Defesa Civil registrou outra morte: Maria dos Santos, de 75 anos, foi arrastada pela correnteza ao atravessar uma rua alagada.
Na Rio, um desabamento atingiu três casas na Favela Morro da Pedreira, em Acari, zona norte da cidade, e provocou a morte de Flávio Silva de Oliveira, de 25 anos, sua mulher, Janaína, de 17, e de uma senhora identificada apenas como Maria do Carmo, de 78. "As pessoas devem abandonar as regiões de risco o mais rápido possível", afirmou o coronel Lopes. Os bairros mais atingidos da cidade foram Santa Cruz e Sepetiba. Segundo a Defesa Civil municipal, a água invadiu casas de oito localidades, cerca de 150 pessoas ficaram desalojadas e tiveram que ser acomodadas em casas de amigos e parentes.
Municípios como Mendes, Barra Mansa, Barra do Piraí, também sofreram com as inundações. Em Mangaratiba, até a delegacia foi alagada e os presos ficaram com água pela cintura. As duas pistas da serra de Nova Friburgo foram fechadas por barreiras que deslizaram. Até a tarde de hoje, funcionários do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER) trabalhavam na pista para liberar o local. Segundo o secretário de Defesa Civil, coronel Paulo Gomes dos Santos Filho, a previsão é de chuva para as próximas 48 horas.

