Belém, 20 (AE) - O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará, Paulo Castelo Branco, abriu sindicância administrativa para apurar o envolvimento de quatro servidores, três deles do alto escalão do órgão em Belém, na aprovação de um plano de manejo para a extração de 124 mil metros cúbicos de madeira em três mil hectares da fazenda São Romualdo I, pertencente ao madeireiro Mifibosete Reis dos Santos. O tamanho da área a ser explorada equivale a 3 mil campos de futebol. Castelo afirma que a fazenda e o madeireiro não existem.
"Cheque o nome do madeireiro na polícia e na Receita Federal. Eles foram criados apenas para legalizar madeira roubada de outras áreas". Para aprovar um plano de manejo, acrescenta, o Ibama leva no mínimo dez dias. "O processo deu entrada no protocolo do Ibama em Belém no dia 20 de outubro do ano passado e, já no dia seguinte, 21, estava totalmente pronto e assinado, inclusive com vistoria, parecer jurídico e todos os procedimento técnicos."
O plano foi assinado pelo então superintendente-adjunto do órgão, José Maria Gadelha. Castelo ressalta que tudo foi feito durante sua ausência de Belém. "E não tiveram nem a dignidade de me comunicar o fato depois de meu retorno. Fui descobrir tudo agora, quase no final de fevereiro, depois de receber uma carta anônima."
Além de Gadelha, serão ouvidos no inquérito administrativo o procurador João Belém, o diretor da Divisão Técnica, Antonio Lima Redig, e o chefe do posto fiscal do órgão no município de Dom Eliseu, Lúcio Henrique Bentes Nogueira.
Dos quatro citados por Castelo, apenas o ex-superintendente José Maria Gadelha foi encontrado hoje para responder às acusações. Os demais não foram localizados. "O projeto estava todo legal e eu o assinei", disse Gadelha.. "Ele já havia sido analisado pelo departamento jurídico. Um projeto aprovado não quer dizer que seja liberado."
Ele disse estar sendo perseguido por Castelo, que "não entende nada de Ibama". E acrescentou: "Eu era da confiança dele. Não quis mais ficar como substituto. Ando cansado de ver o Castelo querendo denegrir a minha imagem e a do Paulo Koury (ex-superintendente). Agora veja quem é o Gadelha e veja quem é o Paulo Castelo."
Gadelha e Redig estão sendo processados na Justiça Federal por aprovarem plano de manejo da madeireira Cemex, em que aparece como dono da terra Carlos Medeiros, apontado pelo governo do Pará como "fantasma". Ele seria proprietário de mais de 10 milhões de hectares de terras da União Federal e do Estado.