A chapa "UEL: Mudar é preciso, mudar é possível" defende a recomposição do quadro de funcionários da universidade. O candidato a reitor Frederico Garcia Fernandes (CLCH) e a candidata a vice-reitora Patrícia Mendes Pereira (CCA) afirmam que a falta de pessoal atinge tanto os órgãos suplementares quanto as demais unidades da UEL (Universidade Estadual de Londrina). “Há setores em que, por aposentadoria ou por falecimento, a perda de funcionários chega a 70%, inviabilizando a atividade operacional que esse setor vem desenvolvendo", apontou Fernandes. Ele ressalta que, no geral, essa falta de pessoal está em torno de 30%.

Fernandes e Pereira compõem a Chapa 2, que concorre à reitoria da UEL em eleição que será realizada (1º turno) em 12 de abril. A FOLHA apresenta nesta quarta-feira (6) a entrevista com os dois candidatos nesta que é a segunda reportagem de uma série com os postulantes aos cargos máximos da instituição. São quatro chapas e a série termina na sexta-feira (8).

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Em órgãos específicos, como no caso do HU, o déficit de técnicos administrativos está para mais de 700 pessoas. “Essa é demanda afeta a população local, porque a gente está falando de prestação de serviço e de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico. A conversa com o governo do estado tem que ser franca, no sentido de mostrar quem somos, qual é o nosso valor e o que produzimos. Isso tem que ser aberto com a sociedade local, a região metropolitana de Londrina compreenda a importância da UEL e abrace a causa da universidade", afirmou Fernandes.

Ele ressaltou que o último concurso realizado foi em meados da década passada. “Há professores colaboradores que não tiveram oportunidade de fazer o concurso público. Antigamente o professor substituto era algo provisório, no entanto, hoje em dia, o provisório ficou permanente e essa situação é muito complicada porque existem algumas atividades que o docente de carreira pode exercer, mas que o professor colaborador é proibido de fazer pelo próprio contrato de trabalho. Só o concurso público pode resolver esse problema”, destacou.

O candidato a reitor Frederico Garcia Fernandes (CLCH) e a candidata a vice-reitora Patrícia Mendes Pereira (CCA) afirmam que a falta de pessoal atinge tanto os órgãos suplementares quanto as demais unidades da instituição
O candidato a reitor Frederico Garcia Fernandes (CLCH) e a candidata a vice-reitora Patrícia Mendes Pereira (CCA) afirmam que a falta de pessoal atinge tanto os órgãos suplementares quanto as demais unidades da instituição | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

Ele ressaltou que a saída de docentes e com aposentadoria de técnicos de nível superior, inclusive, que participam diretamente de projetos de pesquisa ou de extensão gera impactos enormes para a produção científica e tecnológica da região. “Temos programas avaliados pela Capes com o maior conceito, que é 7, e outros programas avaliados com conceitos 6. A diminuição de alguns desses programas de professores permanentes concursados é enorme e é muito perceptível. Isso possivelmente afetará a avaliação desses programas futuramente”, explicou.

Fernandes deixou claro que os docentes colaboradores temporários também são fundamentais para a UEL hoje. “Esses docentes são altamente capacitados e são necessários para manter a qualidade do nosso ensino, principalmente da graduação."

Lei Geral das Universidades

O candidato a reitor ressaltou que isso será resolvido com muita negociação com o governo do estado. “Sabemos que existem alguns limitadores, como a questão da LGU (Lei Geral das Universidades), que cria um impedimento, mas nós também sabemos que temos órgãos suplementares que podem ser tirados dessa LGU e isso depende de uma sensibilização nossa com apoio da sociedade externa à universidade. A comunidade precisa voltar a apoiar a universidade para crescermos juntos novamente. Com o apoio da sociedade, vamos trabalhar na negociação com governo do estado para que esses concursos sejam viabilizados e essas vagas sejam preenchidas.”

Sobre a LGU prever a extinção de cursos que não atingirem determinadas metas, Fernandes expõe que a proposta é de salvaguardar a permanência dos cursos e defendê-los de maneira contundente e veemente para que eles não sejam fechados. "Isso depende de uma articulação política interna, de valorização. Temos que entender que existem cursos que atendem uma necessidade mais imediata do mercado de trabalho e existem cursos que atendem um saber com uma bagagem científica, um saber científico e de conhecimento que é importantíssimo para a humanidade. É muito importante que a gente tenha políticas internas de defesa das licenciaturas e também de ter essa dimensão dos cursos que estão nessa situação de risco e fazer um trabalho mais próximo, por meio das pró-reitorias de graduação, para que eles efetivamente tenham um público maior e saiam dessa zona de risco.”

RECOMPOSIÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Sobre a dificuldade de obter recursos necessários, ele reforçou que é preciso renegociar com o governo uma recomposição orçamentária. “O orçamento liberado pelo governo sempre tem aditivos para que a gente consiga cumprir as nossas demandas. O governo precisa estar sensível da necessidade de planejamento institucional. Nós somos uma autarquia especial dentro da configuração do estado e é muito importante que o estado também pense as universidades dentro de um planejamento mais contundente que dê conta de poder atender as necessidades mínimas aqui na universidade.” Ele reforçou que é necessário um choque administrativo internamente, para entender a dinâmica desse recurso, saber com o que estamos gastando, o que pode ser evitado e melhor aplicado internamente e trabalhar diretamente com o estado no sentido dessa recomposição orçamentária.

Pereira lembrou sobre a necessidade de ampliar projetos de atendimento à sociedade. “Precisamos ampliar projetos de cooperação tanto com empresas públicas quanto empresas privadas. Nós temos que ser facilitadores para que professores consigam montar os seus projetos e com isso também ser uma geração, uma forma de arrecadação financeira. É muito importante que isso aconteça. A gente vai ter que trabalhar muito com a inovação e temos que trabalhar com a desburocratização e com uma assessoria jurídica para esses docentes e para esses projetos.”

INTEGRAÇÃO COM A SOCIEDADE

Ela ressaltou que os projetos sociais também podem se expandir muito. “A gente entende que esse atendimento à sociedade é a vitrine da nossa universidade, porque ajuda a sociedade a se manter, a crescer e essa integração da sociedade com a universidade é essencial não só para a sociedade, mas para a gente também, porque promove um aumento do ensino e da pesquisa. Não são todos os cursos que possuem esse atendimento e projetos vinculados à sociedade que são gratuitos. Quanto mais estivermos integrados à sociedade e o nosso estudante veja e consiga entender as demandas da sociedade, maior vai ser o aprendizado e maior vai ser a valorização da UEL frente à sociedade. Essa integração é muito rica, e vamos valorizar e incentivar na nossa administração”, afirmou Pereira.

- Chapa `UEL de volta para casa´ diz defender a diversidade de ideias

Fernandes ressaltou que a sua chapa possui uma estratégia de ação diante das crises que a UEL vem vivenciando nos últimos anos. "Essas crises têm se aprofundado cada vez mais e os gargalos existentes na contratação não foi resolvido. Há a questão da desburocratização, que poderia facilitar tanto da vida do docente quanto da vida do técnico, mas não foi feita nesta gestão. Algumas ações estão sendo feitas agora, de última hora, mas é muito importante a gente assumir um compromisso desde o nosso primeiro dia de gestão."

Ele ressalta que é na abertura desse diálogo que move o conceito acadêmico da chapa. "É no olhar atento e cuidadoso para as questões cotidianas da universidade que move a nossa gestão e, não tenho dúvida, que é uma estratégia de mudança."

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