Cerca de 70% dos professores aderem à greve em Londrina
Balanço é da APP-Sindicato, que destacou não ter sido notificado sobre decisão judicial que proíbe paralisação
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 03 de junho de 2024
Balanço é da APP-Sindicato, que destacou não ter sido notificado sobre decisão judicial que proíbe paralisação
Pedro Marconi
A segunda-feira (3) tem sido de mobilização dos professores que trabalham em Londrina. A categoria iniciou uma greve contra o projeto do Governo do Estado de entregar o setor administrativo das escolas para a iniciativa privada, o chamado “Parceiro da Escola”, que deverá abranger 200 colégios no Paraná. De acordo com cálculo da APP-Sindicato, cerca de 70% dos docentes da cidade aderiram à paralisação, que é por tempo indeterminado.
“Mesmo com toda as ameaças e assédio do governo estamos tendo uma grande adesão. Nem todas as escolas fecharam 100%, umas mais, outras menos. Mas boa parte aderiu e vamos fazer toda a força possível e impossível para que cheguemos nos 100% nos próximos dias”, afirmou Bruno Garcia, diretor do sindicato em Londrina. “A pauta principal é a privatização das escolas, mas também colocamos a data-base, o pagamento do PIS nacional do magistério, o fim da plataformização na educação”, acrescentou.
No fim de semana, o governo estadual divulgou que conseguiu no TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) uma liminar impedido a greve, sob multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. No entanto, os representantes da APP-Sindicato informaram que ainda não foram notificados e que quando isso acontecer, irão recorrer da decisão.
VEJA NO VÍDEO: MOMENTO QUE MANIFESTANTES OCUPAM ALEP:
LEIA TAMBÉM:
= Professores iniciam greve com protesto em Curitiba
POUCOS ALUNOS
A reportagem percorreu alguns colégios das regiões leste e central nesta manhã. Todos estavam funcionando, inclusive o Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Siam, que está na lista dos que poderão ter a gestão terceirizada. Os outros são os colégios estadual Professora Cleia Godoy Fabrini da Silva, no jardim Tarobá, Professora Kazuco Ohara, no jardim Bandeirantes, e Professora Ubedulha Correia de Oliveira, no Luiz de Sá.
Funcionários das unidades onde a FOLHA passou relataram que poucos alunos foram. Uma mãe que decidiu levar o filho até a escola no IEEL (Instituto de Educação e Londrina), por exemplo, disse que ficou na dúvida sobre ele ir ou não estudar neste início de semana. “Vi em rede social falando que não ia ter aula, mas como nos grupos da escola falaram que poderia trazer, trouxe. Vamos ver como vai ser daqui em diante”, comentou.
Em nota, a SEED (Secretaria de Estado da Educação) pontuou que os pais devem enviar “os filhos às escolas normalmente para que não haja prejuízo ao andamento regular do aprendizado” e que “uma estrutura com apoio tecnológico foi criada para garantir o atendimento aos estudantes e manter o cronograma de aulas.”
“O que está tendo na escola é tudo menos aula. É ‘cupim’ do governo, é o pessoal do NRE (Núcleo Regional de Educação) que tem ido. Vale ressaltar que o pessoal do núcleo está fora de função, porque o papel deles é estar lá no núcleo trabalhando, mas estão dando aula, estão ligando a televisão e passando aula que está no YouTube. O governo diz que quer melhorar a qualidade, por isso que apresentou esse projeto. Se quer melhorar a qualidade, não vai ser com uma aula no YouTube”, criticou Garcia.
Os professores deverão fazer uma manifestação em frente ao NRE, na avenida Celso Garcia Cid, às 16h. “Os pais não precisam ficar preocupados, porque nós vamos garantir o direito de reposição (das aulas), como sempre fizemos ao longo da história”, garantiu.