Centrais sindicais esperam retomada do crescimento para reivindicar
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2000
Por Liliana Pinheiro
São Paulo, 10 (AE) - Bastará um discreto aumento na atividade econômica no primeiro semestre deste ano, na comparação com o ano passado, para que haja um bom agito sindical no País, segundo expectativas dos líderes da duas principais centrais sindicais do País, a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e o vice-presidente da CUT, João Vaccari Neto, afirmam que salário será o grande tema de 2000.
Para Vaccari, também a defesa de direitos ocupará a agenda sindical do ano, especialmente depois de anunciada a intenção do governo de tornar flexíveis as garantias trabalhistas da Constituição.
Segundo eles, depois de anos em que a prioridade foi a busca de acordos pela manutenção de empregos, a renda voltará a mobilizar os trabalhadores. Isso porque as pressões no orçamento dos empregados estão violentas e tendem e piorar. Existem as pressões acumuladas nos últimos meses (tarifas e combustíveis) e as que estão por vir - reajustes de mensalidades escolares e pagamento de impostos diversos, como IPVA e IPTU.
Inflação - "A partir de março estaremos discutindo também o reajuste do salário mínimo, ante uma inflação que possivelmente já estará acumulada em mais de 8% desde maio do ano passado", lembrou Vaccari.
O secretário-geral da CUT, João Felício, salientou ainda que o ano terá pressões fortes do funcionalismo público federal, e de boa parte do funcionalismo estadual do País, sem correção de salários há cinco anos. "A situação do funcionalismo é grave há muitos anos, mas com a volta da inflação tornou-se insustentável."
Paulinho também acredita num renascimento das mobilizações de empregados da indústria, que andaram acuados nos últimos anos por causa do fechamento de milhares de postos de trabalho, ano após ano, desde 1990.
"Mesmo que o PIB (Produto Interno Bruto) este ano cresça o mínimo, algo em torno de 2%, o fato é que as empresas estão tão enxutas, mas tão enxutas, que isso será sentido como um grande aumento de produção pelos trabalhadores", diz Paulinho. "Quando a produção aumenta, o empregado se sente forte para fazer greve e reivindicar aumento."