Rio - Após dois adiamentos seguidos, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dá início aos testes para o Censo Demográfico de 2022. O tamanho da verba para a pesquisa, contudo, ainda é motivo de impasse.

O governo federal prevê reservar R$ 2 bilhões do Orçamento de 2022 para a pesquisa, mas o IBGE diz que o valor fica abaixo do necessário
O governo federal prevê reservar R$ 2 bilhões do Orçamento de 2022 para a pesquisa, mas o IBGE diz que o valor fica abaixo do necessário | Foto: Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

O primeiro teste para o levantamento começará na segunda-feira (6), na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Equipes do IBGE devem visitar a ilha até o dia 24 para entrevistar os moradores dos quase 1.300 domicílios.

O IBGE afirma que escolheu a Ilha de Paquetá para fazer o primeiro teste do Censo porque mais de 85% da população local já recebeu as duas doses da vacina contra o coronavírus.

"Os recenseadores do IBGE farão as entrevistas domiciliares seguindo todos protocolos de saúde, incluindo uso de máscara e protetor facial. O teste vai avaliar os aplicativos e os sistemas desenvolvidos pelo IBGE para o Censo 2022, além das três modalidades de coleta de dados: presencial, pela internet e por telefone", apontou o órgão.

A questão é que, às vésperas da etapa preparatória, ainda há divergências sobre o total de recursos que devem ser destinados para o levantamento.

O governo federal prevê reservar R$ 2 bilhões do Orçamento de 2022 para a pesquisa. Mas, segundo o IBGE, o valor fica abaixo do necessário.

O instituto alegou no último dia 31 que precisa de uma quantia maior, próxima de R$ 2,3 bilhões. Esse montante foi definido após estimativa feita no primeiro semestre de 2021.

Em maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que "o Poder Executivo, em articulação direta com o Congresso Nacional, assegure os créditos orçamentários suficientes para a realização do Censo Demográfico".

O levantamento, realizado de dez em dez anos, é o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas do país. Inicialmente, a nova edição estava prevista para 2020, mas foi adiada para 2021 em razão da pandemia.

Neste ano, o que acabou inviabilizando o Censo foi o corte de recursos destinados à pesquisa. Coube então ao STF definir a realização em 2022.

O presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski, lamenta o novo impasse em relação ao custeio e espera que o governo federal destine a quantia prevista pelo IBGE.

Ziulkoski ressalta que os municípios dependem do Censo. Os dados apurados servem, por exemplo, como base para os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos para as prefeituras. "Como o trabalho vai ser feito com menos recursos?", questiona.

A incerteza relacionada ao Censo espalhou preocupação entre especialistas durante a pandemia. Sem o estudo, o temor é que o Brasil amargue um apagão estatístico.

Na prática, os dados apurados pelo IBGE servem como base para políticas públicas e decisões de investimento de empresas. Por exemplo: antes de investir em uma região, um empresário tende a analisar os traços do mercado consumidor em questão.

No último dia 27, o instituto divulgou nova estimativa para o crescimento da população brasileira. Segundo essa projeção, o país chegou a 213,3 milhões de habitantes em 2021.