Nos últimos meses, policiais civis e militares tiveram que se acostumar a um tipo de crime cada vez mais frequente: os furtos em cemitérios públicos. Antes comum em Londrina, o delito virou rotina em cidades da região. Em Sertanópolis, por exemplo, houve um verdadeiro arrastão. Funcionários chegaram para trabalhar no começo da semana e encontraram lápides sem as placas com os nomes das pessoas mortas e as datas de sepultamento.

Imagem ilustrativa da imagem Cemitérios da região de Londrina registram onda de furtos
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A polícia ainda não sabe o prejuízo exato deixado pelos ladrões. Segundo o delegado Damião Benassi Júnior, um inquérito foi instaurado para investigar o caso. "Fizemos algumas perícias e estamos aguardando os resultados dos exames das digitais", informou, sem detalhar os próximos passos da investigação.

O cemitério municipal não possuía segurança até a onda de furtos. De acordo com o secretário de Administração Geral de Sertanópolis, Bruno Brocoli, uma empresa terceirizada foi contratada de forma emergencial para tentar impedir que os criminosos entrem novamente no espaço. "Esse serviço deve ficar por um mês até a instalação de 10 câmeras de monitoramento, prevista para os próximos dias. Além desses aparelhos, teremos toda a logística de segurança." O investimento deve ser de aproximadamente R$ 15 mil.

Uraí

Nesta quinta-feira (24), investigadores de Uraí (Norte Pioneiro) apreenderam diversas peças de bronze em duas casas localizadas no Conjunto Ruy Virmond Carnascialli, região norte, e no Jardim Ideal, na zona leste. Em uma das residências, foi descoberto um laboratório para derreter os objetos, levados do cemitério da cidade no dia 4 de junho.

De acordo com o delegado Fernando Carvalho de Santana, os suspeitos não foram presos, mas irão responder por furto qualificado. "Esse crime tem acontecido em toda a região, isso porque o bronze está com um valor atrativo, cerca de R$ 140 o quilo. Estamos investigando se esses homens participaram de furtos em outras cidades", comentou.

Rolândia

Durante a madrugada, a Polícia Militar de Rolândia desconfiou de dois jovens que estavam sentados em um ponto de ônibus na frente do cemitério municipal. No boletim de ocorrência, os agentes descreveram que a dupla confessou ter furtado o local. Eles levaram 64 crucifixos e outros materiais de bronze, avaliados em mais de R$ 2 mil.

Segundo a PM, os suspeitos, que moram em Londrina, esconderam os objetos em caixas de supermercado. Na delegacia, preferiram o silêncio e não revelaram detalhes.

Londrina

O superintendente da Acesf (Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina), Péricles Deliberador, pediu informações ao delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Amarantino Ribeiro, sobre como andam as apurações dos furtos nos cemitérios da cidade. O ofício foi recebido pela Polícia Civil no dia 15 de junho, mas ainda não havia resposta.

No documento, Deliberador elencou todas as situações formalizadas em boletins de ocorrência em quase um ano, entre maio de 2020 e maio de 2021. A lista traz uma série de itens levados, como placas de bronze, cavaletes de água, motor de geladeira, parafusos e fios elétricos.

Ele acredita que há "fortes indícios" do envolvimento dos suspeitos investigados pela Polícia Civil de Uraí nos furtos cometidos em cemitérios londrinenses. Porém, preferiu ser cauteloso. "Vamos esperar o desfecho das investigações", alertou.

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