Paris, 28 (AE) - Uma nova guerra coloca em confronto a tecnologia e a qualidade de vida. Refere-se aos telefones celulares. A França lançou-se nesta rede de telefonia celular com grande atraso em relação a muitos outros países. E depois de despertar para esta novidade, o país foi dominado por um frenesi e o celular se impôs. As operadoras instalaram grande quantidade de antenas.
Alguns parisienses garantem que estas antenas prejudicam a saúde das pessoas que vivem nos andares mais altos.
Em muitos bairros, foram criados comitês de defesa do cidadão. Segundo esses comitês, as operadoras "atacam intensamente" para encher os tetos de Paris com essas antenas nos dois próximos anos porque, em 1003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deverá apresentar um relatório sobre os efeitos das antenas sobre a saúde.
À espera desta opinião da OMS, as operadoras realizam um verdadeiro "assalto" sobre os tetos de Paris. A Bouygues posiciona uma antena a cada 300 metros e a Itineris já dispõe de um parque de 1.500 antenas. A France-Telecom propõe pagar aos proprietários de imóveis quantias em dinheiro ou compensações não desprezíveis.
Os especialistas não acreditam na existência de efeitos nocivos, mas os locatários afirmam que as emissões de ondas eletromagnéticas não podem deixar de interferir em organismos humanos. E acrescentam que, seja como for, num campo tão sensível, não caberia a companhias privadas , mas sim aos poderes públicos, a escolha dos locais para a instalação das antenas.
E fornecem um exemplo: uma antena de 900 megahertz foi instalada a 1,5 metro acima do quarto de uma senhora que, naturalmente, apresentou uma reclamação contra a companhia.
A França não é o primeiro país em estado de alerta. Desde 1998, uma publicação médica australiana revelou que o número de canceres do cérebro aumentou no oeste do país depois do desenvolvimento da telefonia móvel.. Na Escócia e na Itália, está proibida a colocação de uma antena a menos de 100 metros de uma habitação. Os suíços admitem uma distância de 20 metros.
O Conselho da Europa legislou sobre isso: impôs uma norma máxima de exposição de 41 volts por metro para os particulares. Mas o perigo seria maior no que se refere às pessoas munidas de implantes metálicos, por exemplo, auditivos. Neste caso, uma exposição bem fraca, entre 1 e 4 volts, poderia gerar distúrbios neurológicos, hormonais e imunológicos.
Na realidade, apenas quando a OMS divulgar (em 2003) o estudo que está realizando desde 1996, poderemos saber com certeza se o celular é inofensivo ou não.