Natal, 02 (AE) - Cerca de 50 mil pessoas, segundo estimativa da arquidiocese de Natal, participaram da primeira celebração oficial em ação de graças aos 30 mártires católicos assassinados por tropas holandesas e índios Janduís no século XVII, nas localidades de Cunhaú e Uruaçú, no RN. A cerimônia, em frente a Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú
município de Canguaretama, a 75 quilômetros de Natal, foi encerrada no início da noite de ontem (01). Na capela, o padre André de Soveral, nascido em São Vicente (SP), e mais 68 pessoas foram executadas em 16 de julho de 1645.
Os mártires foram beatificados na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 5 de março. De acordo com o arcebispo de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, participaram da cerimônia representantes de 55 paróquias da arquidiocese de Natal, uma centena de padres e católicos que chagaram em cerca de 200 ônibus. O grupo de teatro Ana Costa, de Canguaretama, encenou o massacre.Muitos fiéis acompanharam ajoelhados a missa, iniciada às 17 horas.
O fato negativo do evento foi a decisão dos herdeiros da família Albuquerque, dona do engenho, de cobrar pedágio. O próprio governador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) teve de andar alquns quilômetros até o palanque central. "Os donos do engenho ameaçaram fechar o local, foi uma atitude inadequada", lamentou o monsenhor Francisco de Assis Pereira, postulador da causa dos mártires no Vaticano. "Eles concordaram em suspender a cobrança
mas ficou claro que o local precisa deixar de ser privado; fizemos um apelo ao governador para que o acesso seja público", contou o monsenhor.
Entre julho e outubro deve ser inaugurado o centro de devoção em Uruaçú, local do segundo massacre, onde morreram 81 católicos. O governo do Estado vai investir R$ 500 mil na construção de um monumento, infra-estrutura e estacionamento. O papa João Paulo II decretou o dia 3 de outubro - data do massacre em Uruaçú - como data oficial dos 30 mártires mortos nessa comunidade e em Cunhaú.