Brasília, 29 (AE) - A Caixa Econômica Federal aceitou, sem muito entusiasmo, a transferência dos bingos - autorização para funcionamento e fiscalização. "A Caixa foi apenas disciplinada", disse seu presidente, Emílio Carazzai. A nova atribuição foi decidida pelo governo, para quem a instituição tem condições de cuidar do setor. Mas a transferência dos bingos passará por um período de transição. "Não iremos absorver a atividade imediatamente", disse o diretor de Serviços Bancários da CEF, Fernando Carneiro, sem precisar o tempo necessário.
Carazzai garante que a instituição tem condições de absorver o setor, colaborando com o governo na administração da atividade. "Quem administra uma rede de mais de seis mil casas lotérias tem condições de fazer um bom trabalho com os bingos", disse. Levantamento preliminar feito pela CEF aponta entre mil e duas mil casas de bingo fixas, além de outros 50 bingos eventuais no País.
O diretor de Serviços Bancários contou que a CEF tem 20 auditores e outros 150 serão contratados em caráter emergencial para o mapeamento da atividade. A Instituição aguarda a regulamentação da transferência dos bingos para baixar suas normas internas. É bem provável que os bingos já existentes tenham que fazer um novo credenciamento."Todas as novas regras serão objeto de regulamentação por decreto do Presidente da República", disse Carneiro.
O presidente da Caixa afirmou que o setor não deve esperar nenhuma medida truculenta. Pois ela é vista como uma outra atividade qualquer, sujeita a regras claras e dentro das normas de mercado. "As empresas mais eficientes crescerão, as menos eficientes ficarão para trás e as que tentarem usar métodos irregulares serão, naturalmente, expurgadas pelo próprio mercado", disse Carazzai.
Até agora a autorização para funcionamento de bingos era feita exclusivamente pelo Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto (Indesp), órgão vinculado ao Ministério do Esporte e Turismo. A transferência foi determinada por medida provisória assinada ontem por Fernando Henrique Cardoso.