CEF E BB vão criar sistema de saques a prova de fraude
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quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
Por Cleide Silva
São Paulo, 02 (AE) - O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF) estão alterando seus sistemas de saques eletrônicos para evitar golpes contra correntistas. As duas instituições estão entre as que recebem maior número de queixas no Procon por sumiço de dinheiro das contas. A CEF está investindo cerca de R$ 20 milhões em aperfeiçoamento de sistemas e cartões eletrônicos para aumentar a segurança dos usuários. O valor também inclui gastos com prevenção de crimes de lavagem de dinheiro, segundo informou hoje o diretor de serviços financeiros, Fernando Carneiro.
Ele disse que os 12 milhões de cartões de correntistas estão sendo substituídos por produtos menos vulneráveis. Há mudanças, por exemplo, na forma de identificação dos dados constantes na barra magnética. Em alguns casos, segundo Carneiro
é possível detectar se o cartão usado é original.
A CEF também está desenvolvendo em parceria com outras empresas um projeto piloto em que o cliente será identificado pela digital. "A transação só será efetivada quando o usuário colocar seu polegar no terminal." O equipamento analisará, até mesmo, a temperatura do dedo.
O Banco do Brasil mudou seu sistema de saques a partir de 20 de janeiro. Para fazer transações eletrônicas, os clientes precisam agora passar o cartão magnético duas vezes no terminal, uma no início da operação e outra no fim, que fecha a tela do computador.
Antes o usuário só precisava usar o cartão no início da operação e muitas vezes deixava o terminal aberto, possibilitando que outra pessoa pudesse verificar seus dados.
A instituição também está entregando folhetos aos clientes com instruções de como garantir maior segurança aos cartões e senhas e instalando circuitos de TV nos caixas de auto-atendimento.
Segundo o gerente-executivo de segurança corporativa do Banco do Brasil, Edson Lobo, as medidas devem reduzir a ocorrência de golpes.
Senhas - Nos últimos meses aumentou o número de saques misteriosos feitos em contas de titulares que garantem jamais ter repassado sua senha para terceiros ou extraviado os cartões.
A direção do BB não informou o número de casos investigados, mas disse que na maioria deles ficou comprovada, ao final de um processo, que alguém teve acesso à senha e realizou saques.
"Normalmente fazemos o ressarcimento de valores reclamados após uma análise preliminar, mas damos continuidade à investigação", afirmou Lobo. Se ficar comprovado o saque por parte de alguma pessoa próxima ao cliente ele terá de devolver o dinheiro.
Segundo ele, não ocorreu nenhum caso de retirada de dinheiro por invasão do sistema computadorizado. "Não existe nenhuma evidência de ação dos chamados hackers (piratas de computador)", disse Lobo.
"As fraudes são inevitáveis, mas temos de desenvolver sistemas para tentar evitá-las ou identificá-las rapidamente quando ocorrerem", disse Carneiro, da CEF.
A Caixa também está desenvolvendo campanhas com os clientes com orientações como não utilização de senhas óbvias (datas de nascimento e de documentos, por exemplo), não informar dados por telefone e não recorrer a estranhos quando fizer operações.