Imagem ilustrativa da imagem Cavalgada atrai olhares nas ruas e marca o início da ExpoLondrina
| Foto: Anderson Coelho/Folha de Londrina



Mesmo que você não tenha familiaridade com a cultura do campo, vale a pena espiar a cavalgada que marca a abertura da 58ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. São onze anos em que milhares de cavaleiros e amazonas vão para as ruas anunciando a chegada da feira e encantando quem os assiste.

É como um grande desfile, no qual os protagonistas são tantos os animais quanto aqueles que os montam. E a festa é bonita de se ver. Logo nas primeiras horas da manhã de domingo (11), a concentração no estacionamentos do Autódromo Internacional Ayrton Senna e do Estádio do Café, já revelava um clima de muita expectativa.

O diretor de Atividades Equestres da SRP (Sociedade Rural do Paraná), José Henrique Cavicchioli, contabilizou a presença de cerca de dois mil cavaleiros e amazonas do Paraná e também do interior de São Paulo e Mato Grosso.

"Nos organizamos para recepcionar essas comitivas na noite anterior. Neste ano, cerca de 100 cavalos pernoitaram no parque. É uma festa grandiosa, bonita e que chama a atenção de toda a população", afirmou.

A cavalgada da ExpoLondrina é uma das maiores do sul do País. Nela, também participam as rainhas e princesas da ExpoLondrina que são transportadas na Catita da Viação Garcia. O trajeto foi percorrido em aproximadamente duas horas, passando pelas avenidas Henrique Mansano, Winston Churchill, Rio Branco, Leste-Oeste, José de Alencar e Tiradentes, até chegar ao Parque de Exposições Ney Braga.

Clima familiar

Mas entre o embarque e desembarque dos cavalos e o vai e vem das 160 comitivas de mais de 30 cidades da região, o espírito familiar é um fator contagiante. Tinha casal andando de mãos dadas sobre o cavalo, pai ensinando a filha a domar o animal, o avô ensinando o neto a preparar a sela, assim como tinham muitas famílias que apenas assistiam a festa.

O corretor de seguros Robson Ricci, por exemplo, saiu da Vila Brasil às oito horas da manhã para levar as duas filhas ao local de concentração. "A ideia é mostrar uma cultura diferente para elas e a gente está se divertindo, admirando a beleza dos cavalos", contou.

Mas os olhares não eram despertados apenas pelo porte e os adereços caprichados dos animais. O agricultor Elias Rodrigo da Cunha, do distrito de Lerroville (zona sul), carregava nas calças de couro, as iniciais do nome, que só não chamavam mais a atenção que as botas no melhor estilo "cowboy".

Ele participa da cavalgada há dez anos, ou seja, praticamente desde o início, quando o evento era marcado pela presença de 40 cavaleiros. Acariciando o animal como quem cuida do seu bem mais preciso, Cunha o descreve como "companheiro no trabalho, passeio e cavalgada", brinca o cavaleiro, que ainda carrega um berrante e um prato de alumínio para o almoço que tradicionalmente encerra a atividade, no Parque Ney Braga.

Cunha estava acompanhado do filho, nora e a neta de três anos. "Faço questão de passar essa tradição para minha filha porque é uma coisa muito boa. Para quem gosta, é como um esporte. Só nos faz bem", diz a dona de casa Ana Paulo de Castro, com a filha Lorena.

Logo ao lado, de batom rosa, botas e cinto de couro, Laura Victória de Oliveira, 10, parecia impressionada com tamanha movimentação. Essa foi a primeira vez que ela participa da cavalgada ao lado do pai Lourenço de Oliveira.

"Faz um mês que estamos preparando os cavalos. Ela monta desde os quatro anos, mas essa cavalgada é a estreia dela. Eu acho ótimo porque eu quero que ela tenha essa cultura de raiz, o mesmo que meu pai fez por mim", revela.

Nas ruas por onde a cavalgada passa, é possível ver a curiosidade e admiração do público. Enquanto muitos aproveitam para espiar da janela, outros preparam um espaço confortável nas calçadas, com direito à cadeiras de praia e água gelada para driblar o calor.

A dona de casa Dulce Geronel é um exemplo. Há seis anos, ela sai de casa, no Jardim Bandeirantes (zona oeste) e vai até a passarela da avenida Tiradentes para ver a cavalgada. "Venho sempre neste ponto com meu marido e trago meu neto. Esse evento mostra o encanto da nossa terra, das coisas simples da vida. É uma imagem pura nesse mundo que vem sendo movido só pela tecnologia", sustenta.