Buenos Aires, 29 (AE) - O Ministério de Desenvolvimento Social anunciou que existem 12 milhões de pobres urbanos na Argentina, o que indica que 37% da população total do país não consegue dinheiro mensalmente com o qual possa adquirir a cesta básica de bens e serviços, que em Buenos Aires é de US$ 490. Incluindo o número de pobres das áreas rurais e das cidades com menos de 5 mil habitantes, o número de pobres sobe para 14 milhões.
A medição realizada pelo governo é inédita, já que até agora as pesquisas somente levavam em conta os índices da capital argentina e sua área metropolitana. Além disso, com esta medição
ficou evidente que o número de pobres argentinos é muito maior do que vinha sendo divulgado.
Antes desta pesquisa, calculava-se que ao redor de 29% da população fosse pobre e indigente, o equivalente a menos de 10 milhões de habitantes. Com a nova medição, também definiu-se que existem 4 milhões de pessoas indigentes no país, constituindo-se em um terço do total dos pobres.
Enquanto que em Buenos Aires e sua área metropolitana o número de pobres é de 29,8%, nas províncias do decadente norte do país, como Jujuy, Formosa, Chaco, e do nordeste, como Corrientes, a proporção de pessoas que não conseguem ter uma alimentação adequada chega a mais de 60% da população.
O empobrecimento dos argentinos acelerou-se especialmente nos dez anos de governo do ex-presidente Carlos Menem. Segundo o Instituto de Estatísticas e Censos (Indec), a distribuição da renda é mais desigual hoje do que na que se considerava a pior época da economia argentina, a hiper-inflação de 1989. Nesse ano
o 10% mais rico da população tinha uma receita 23 vezes superior ao 10% mais pobres. Atualmente, o 10% mais rico recebe 24 vezes mais que a mesma porcentagem de pobres. Essa brecha ocorreu mesmo sem a inflação anual de 3.079% do caótico fim do governo do ex-presidente Raúl Alfonsín, dez anos atrás. Após a hiper-inflação, a brecha diminuiu para 23 vezes, e voltou a aumentar a partir de 1995.