O número de casos confirmados de coronavírus no Paraná saltou de 14 (em 18/03) para 97 (em 25/03). No intervalo de uma semana, o crescimento aproximado de 600% reforça a necessidade de estratégias rápidas para a contenção da pandemia. Os casos suspeitos que antes somavam 67 agora são 3.588 em todo o Estado, de acordo com o último boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

De acordo com a Sesa, não há leitos exclusivos para a doença
De acordo com a Sesa, não há leitos exclusivos para a doença | Foto: José Fernando Ogura/AEN

De terça para quarta-feira, a quantidade de resultados positivos aumentou de 70 para 97 e o número de pacientes com suspeita da doença de 1.844 para 3.588. O Paraná não registra mortes pela doença. Até o dia 11 de março, havia apenas um caso confirmado por laboratório particular que aguardava contraprova dos laboratórios oficiais. Outros 27 haviam sido descartados e 49 ainda eram considerados suspeitos. No dia seguinte, seis casos foram confirmados (cinco em Curitiba e um em Cianorte). O número de pessoas com suspeita da doença saltou para 54.

Imagem ilustrativa da imagem Casos de coronavírus aumentam 600% em uma semana no Paraná

No dia 18 de março, na última quarta-feira, 14 pessoas em seis cidades já haviam recebido resultado positivo para o covid-19 no Paraná. No dia seguinte, as confirmações saltaram para 23 e o número de casos suspeitos chegou a 146.

Após duas semanas do primeiro diagnóstico de caso positivo no Paraná, ao menos 16 cidades do Estado já registraram confirmações do covid-19. Os municípios adotaram estratégias para agilizar os atendimentos e evitar a propagação da pandemia. Servidores da saúde se dividem entre pacientes com sintomas de coronavírus, casos suspeitos de dengue e idosos em busca da vacinação contra a gripe.

Sem casos confirmados em Cambé, mas com um aumento expressivo de pessoas com suspeita da doença, a secretária de Saúde, Adriane Lombardi, destaca que os atendimentos a pacientes com sintomas de gripe são realizados nas unidades básicas de saúde Novo Bandeirantes e Cambé IV e no Pronto Atendimento 24 horas.

“A gente não está medindo esforços para manter os atendimentos na saúde. Está todo mundo trabalhando de segunda a segunda. Sem horário de almoço. É uma situação em que, às vezes, bate o desespero. Às vezes, a gente está sob controle. Mas, assim como todo mundo, a gente também tem medo”, confessou. Uma central de atendimento psicológico foi criada em Cambé para atender servidores da rede de saúde.

O comércio fechado e a restrição para aglomeração de pessoas estão entre as medidas adotadas para conter a pandemia. Ainda assim, alguns moradores de Ibiporã continuam nas ruas, segundo informou a Coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Vanessa Cristina Luquini.

Por lá, quatro unidades de saúde foram destinadas ao atendimento de casos suspeitos de coronavírus. O Centro de Saúde e as UBSs Pérola, San Rafael e La Fontaine estão à disposição dos pacientes que apresentam sintomas leves.

“Nessas unidades, as equipes já estão mobilizadas fazendo a triagem na recepção para direcionar esses pacientes porque nós também continuamos com uma epidemia de dengue de forma simultânea. Pacientes com mais sintomas, como falta de ar, estão sendo encaminhados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). A UBS Bom Pastor ficou para o atendimento a gestantes e urgências ginecológicas”, explicou. Consultas eletivas foram suspensas, assim como exames de rotina.

Em apenas dois dias, as equipes da Secretaria de Saúde de Ibiporã conseguiram vacinar contra a gripe 42% dos idosos e aguardam a chegada de mais lotes para organizar novas ações.

“Estamos nos organizando para realizar a campanha de vacinação o mais rápido possível para poder acompanhar o aumento de casos suspeitos de coronavírus e concentrar as ações desses profissionais. Com a mudança na definição dos casos suspeitos, é esperado um aumento. Antes, o paciente tinha que ter um histórico de viagem ou contato com caso suspeito ou confirmado. Desde sexta-feira, quando foi definida a transmissão comunitária, todo paciente sintomático é suspeito”, afirmou.

Em Arapongas, três pronto atendimentos 18 horas estão voltados para casos suspeitos de covid-19. O secretário de Saúde de Arapongas, Moacir Paludetto Júnior, ressaltou que as 29 unidades de saúde permanecem abertas, mas as consultas agendadas foram suspensas para priorizar pacientes com sintomas de gripe.

O Pronto Atendimento Médico passou a atender exclusivamente crianças e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) agora há duas recepções, sendo uma delas exclusiva para casos respiratórios.

“Há uma escassez de testes para o monitoramento efetivo da doença. Estamos aguardando um posicionamento do Ministério da Saúde para saber como nós municípios iremos nos comportar com essa ausência de testes. Estamos também entrando em contato com empresas para reforçar a compra de EPIs e outros materiais da saúde. Temos que ter essas estratégias. Não somos uma ilha. O problema é mundial e, se forem tomadas as ações de forma adequada, nós estamos falando em, no mínimo, três meses.”

Em Rolândia, as unidades de saúde Parigot de Souza e Central foram reservadas para o atendimento aos casos suspeitos de coronavírus. Conforme o diretor de Vigilância em Saúde, Rafael Dias, os testes rápidos são realizados apenas quando há casos graves ou internações.

“Estamos monitorando e conforme os critérios do Ministério da Saúde e do governo do Estado. Após o início da transmissão comunitária houve um incremento dos casos suspeitos, não só em Rolândia”, lembrou Dias. Aos finais de semana, a população também conta com o Pronto Atendimento e a UBS da Vila Oliveira.

Em Londrina, a Secretaria Municipal de Saúde reorganizou as unidades de atendimento. As UBSs Guanabara, Bandeirantes, Ouro Branco, Chefe Newton e Maria Cecília e Vila Ricardo passaram a receber apenas pacientes com queixas de problemas respiratórios. Já a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Sabará foi destinada aos casos suspeitos moderados que apresentam também outros sintomas da doença como febre e dor no corpo. Um centro de triagem dos pacientes também foi montado do lado de fora da unidade. Londrina apresenta três casos confirmados da doença.

O HU (Hospital Universitário de Londrina) é o único da região entre os dez hospitais de referência para o atendimento de casos graves da doença. Outros 51 são considerados de retaguarda. Mais de 2,7 mil leitos clínicos e 1,6 mil leitos de UTI foram mapeados para o atendimento de casos suspeitos e confirmados no Paraná.

De acordo com a assessoria da Sesa, não há leitos exclusivos para a doença “visto que os casos confirmados no Paraná são quadros leves e com isolamento domiciliar”. A assistência à saúde permanece atendendo outras situações e ocorrências. A intenção é aumentar a quantidade de leitos de forma gradual, conforme a necessidade.