O núcleo de Londrina do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriu, na manhã desta sexta-feira (04), dois mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar no âmbito da Operação London, tendo um casal como alvo. A investigação decorre de outras maiores envolvendo o PCC (Primeiro Comando da Capital). O grupo atua a partir de presídios em quase todos os estados do Brasil para movimentar ativos financeiros oriundos de crimes praticados pelos integrantes.

Foi apurado que as contas bancárias de duas empresas, apresentadas como um lava-jato e uma revendedora de automóveis, e de seus proprietários são utilizadas para lavar dinheiro da organização criminosa. Conforme o promotor de Justiça Jorge Fernando da Costa, do MP-PR (Ministério Público do Estado do Paraná), a investigação apurou a circulação financeira das empresas do casal londrinense, analisando o período de 2021 a 2023, e atestou valores altos demais considerando as atividades apresentadas como objeto social.

“Nas contas bancárias desses alvos circularam valores que, pela condição socioeconômica apresentada, não têm justificativa, ou pelo menos não têm suporte para esse volume de dinheiro. Não parece existir procedência para R$ 17 milhões”, pontuou. Como o crime era cometido na prática ainda é objeto da investigação.

O homem, um dos alvos dos mandados, foi preso em flagrante porque portava carregador de munição de calibre restrito, sem possuir autorização. “Ele assumiu a propriedade do carregador e da munição e ficou de apresentar a arma na sequência, vai responder pela ação penal”, elucidou o promotor. Sua esposa permanece em liberdade.

NOVAS PRISÕES

Em relação ao objeto da Operação London, nomeada em referência a um estabelecimento comercial investigado, os alvos serão denunciados com base na conclusão da análise do conteúdo dos celulares apreendidos, para que seja oferecida denúncia pela lavagem de dinheiro e integração no PCC. Segundo Costa, após a avaliação dos aparelhos, “é possível que surjam outros nomes de pessoas envolvidas, ou pelo menos aparentemente envolvidas, e que serão objeto de nova investigação e portanto novas ações e possíveis prisões”.

As medidas judiciais foram deferidas pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de Londrina, assim como o sequestro de valores até o limite de R$ 1.368.476,00. “Foram identificados os bens, veículos e imóveis, que foram bloqueados até o limite dos valores que identificamos como tendo circulado nas contas bancárias”, além do impedimento de realizar transferências monetárias.

COMPARTILHAMENTO DE PROVAS

A Operação também foi deflagrada em Itaquaquecetuba, contando com o apoio do núcleo de Guarulhos do Gaeco de São Paulo no cumprimento de mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar. Os alvos londrinenses possuem bons antecedentes, informou o promotor, enquanto o paulista já foi denunciado pelo Ministério Público por integrar o PCC.

A investigação desta sexta resultou de outras que envolvem a facção criminosa, a partir das quais houve o compartilhamento de provas com o Gaeco de Londrina, possibilitando a identificação de técnicas de lavagem de ativos usadas na região por integrantes da organização.

“Especificamente em relação a de hoje (Operação London), foi uma investigação ocorrida em Paranavaí. Houve atuação lá do Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, que identificaram integrantes dessa organização e em uma das apreensões, de telefone e tal, foram identificados esses alvos, tanto de Londrina como o de São Paulo”, indicou Costa.

A partir da análise do celular apreendido, o investigado de Itaquaquecetuba também será denunciado por integrar a organização e lavar dinheiro a partir da revenda de veículos.

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