Cartaz informa a venda de genéricos
PUBLICAÇÃO
sábado, 15 de abril de 2000
Remédio chega a
custar menos da
metade do preço
Mauro FrassonO principal objetivo da Lei dos Genéricos (9.787/99), aprovada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 10 de fevereiro do ano passado, é baratear o preço dos remédios no País. Pelo menos por enquanto, essa finalidade está sendo alcançada.
Dependendo do item, o genérico pode custar menos da metade de um medicamento de marca. É o caso do cloridrato de ranitidina, utilizado no tratamento de úlcera. Na rede de farmácias Drogamed, a caixa com 20 comprimidos do genérico, produzido pelo laboratório EMS, custa R$ 10,71. O preço do Antak, medicamento de referência desse genérico, é quase 120% mais caro: R$ 24,82.
Outro exemplo: Na rede de farmácias Nissei, a embalagem com oito comprimidos do antibiótico cefalexina custa R$ 10,53, enquanto a caixa com quatro comprimidos do seu medicamento de referência, o Keflex, é vendida por R$ 9,14.
Exatamente por reduzir o preço dos medicamentos, a Lei dos Genéricos enfrenta resistências. A CPI dos Medicamentos instalada na Câmara Federal apura a suposta formação de um cartel contra os genéricos por 21 laboratórios multinacionais e um nacional. Essa prática, negada pela indústria, é proibida por lei.
No final do ano passado, os grandes laboratórios fizeram uma campanha publicitária nacional para informar a população que os genéricos ainda não haviam chegado ao mercado. O faturamento da indústria farmacêutica brasileira atingiu R$ 12 bilhões em 99.
Apesar do lobby contrário, a aceitação dos genéricos está surpeendendo, na avaliação do médico Maurício Vianna, gerente geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Anteontem, o ministro da Saúde, José Serra, informou que irá obrigar as farmácias a vender genéricos. A Vigilância Sanitária vai fazer uma portaria e condicionar a autorização de funcionamento das farmácias à venda de genéricos.
Serra considera o número desses medicamentos colocados à venda pelas grandes redes de farmácias muito pequeno. Existem grandes redes e grandes laboratórios estrangeiros que estão com má vontade porque, se um produto é mais barato, a margem de lucro é menor. Essa má vontade tem vida curta. O consumidor vai exigir os genéricos. (V.D.)