Candidatos se preparam para lutar pela prefeitura de Paris Do correspondente Gilles Lapouge
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quarta-feira, 29 de março de 2000
Paris, 30 (AE) - Dentro de um ano, Paris elegerá seu prefeito. É um dos cargos mais cobiçados da França. A função tem prestígio e é agradável. Além disso, esse posto constitui o mais alto degrau para atingir o ápice de uma carreira. O atual presidente da República, Jacques Chirac, foi prefeito de Paris durante muito tempo (aliás, excelente).
Portanto, com uma certa antecedência, os partidos e os dirigentes se colocam em "ordem de batalha". Mas, no momento, essa "ordem" é sobretudo uma "desordem". Em cada campo (seja de esquerda ou de direita), os ambiciosos estão em guerra. Uma espécie de "primárias" (como as previsões norte-americanas) no estado selvagem.
Hoje mesmo, um homem da direita declarou-se candidato: Philippe Séguin. A personalidade de Séguin permitirá transformar a "cacofonia" da direita em "harmonia"? Nada é mais incerto.
Em termos bem amplos, eis o quadro das tropas da direita: o prefeito atual, Jean Tibéri, instalou-se no cargo com a ajuda de Jacques Chirac (preocupado em conservar uma marionete em sua antiga "torre" parisiense). Mas esse Tibéri que quer se representar em 2001 não é nada. Além disso, está envolvido em escândalos.
Apesar dessa dupla performance (nulidade e corrupção), Tibéri conseguiu manter-se, graças ao apoio que, sem nenhum motivo aparente, recebeu de Chirac.
Como explicar a indulgência de Chirac em relação a um personagem como esse? Mistério. Dizem que Tibéri saberia muitas coisas sobre Chirac e poderia revelar o que seu patrão não deixaria. Seja como for, Chirac resolveu, finalmente, tomar uma decisão. Tirou seu apoio a Tibéri. A decadência da "casa Tibéri" abriu o apetite da direita chiraquiana (o partido Reunião Para a República RPR), de filiação gaullista).
Particularmente, foi anunciada uma dama, Françoise de Panafieu
conhecida por sua atuação na direção dos "parques e jardins de Paris" e que é muito boa em patinação. Mas a participação de Philippe Séguin no páreo muda a disputa. Madame de Panafieu, peso leve ou peso pluma, não intimidou esse verdadeiro "peso pesado" que é Phillipe Séguin.
Séguin é um dos últimos "autênticos" gaullistas da França. Ocupou funções ministeriais com brilhantismo. E, principalmente, ele é o homem mais eloquente do Parlamento. Tem tudo para subjugar seus ouvintes: feio e enorme, com uma imagem cheia de marcas, rugas e caroços, reproduz o modelo dos dois maiores oradores da Revolução Francesa de 1789: Danton e Mirabeau, ambos igualmente enormes e dotados de aspectos de batráquios.
Além desse aspecto "sedutor", Séguin tem uma voz baixa de uma beleza estranha e um senso de teatro. Enfim, sua inteligência e sua cultura fazem dele um "debatedor" impressionante. Seu inconveniente: muito enfático, caráter insuportável, habilidade perversa para suscitar ciúmes. E o que é pior: único homem marcante de uma direita astênica, poderia indispor o dirigente natural da direita, Chirac.
Os dois homens não se gostam. E Séguin não será tão facilmente manobrável por Chirac quanto o atual prefeito, Tibéri. Por isso, Chirac hesitou muito em apoiar quem ele denomina "o enfadonho".
Hoje, ficou bem claro: Chirac escolheu Philippe Séguin. Pode-se ter certeza de que os prós e os contras foram colocados na balança.
Resultado: sem dúvida, Chirac avaliou que Séguin seria ainda mais "enfadonho" fora da Prefeitura de Paris do que dentro (sobretudo a dois anos de uma eleição presidencial, em 2002, na qual Chirac pensa que terá o tom somente da "direita").
É melhor que Séguin seja "neutralizado" por meio desse cargo magnífico que é a Prefeitura de Paris.
Estranhamente, no mesmo dia em que Séguin lançou sua candidatura, um outro "cacique" da direita, Edouard Balladur, interessou-se também por essa Prefeitura. O que dizer? Balladur não é besta. Ele foi um bom primeiro-ministro, mas é de uma tristeza fúnebre, sua fisionomia está abatida e suada, ele só sabe distribuir lições ultrapassadas para todo o mundo.
O palanque à Prefeitura de Paris não anuncia belos carnavais, grandes festas ou belos fogos de artifício, mas um longo outono cinza e cheio de brumas.