“Respeitem nosso direito de escolha!” Essa é uma das mensagens colocadas em outdoors instalados em dez endereços de Londrina para pedir a retomada das aulas presenciais nas escolas da cidade. O grupo formado por mães tem se manifestado nas redes sociais por meio da #eudecidopelomeufilho.

Imagem ilustrativa da imagem Campanha pede retomada das aulas presenciais em Londrina
| Foto: Divulgação

A página nas redes sociais divulga depoimentos e artigos sobre os prejuízos do ensino exclusivamente remoto ao desenvolvimento social de crianças e adolescentes. A corretora de imóveis Noeli Viana conta que o distanciamento tem gerado episódios de depressão e ansiedade na filha de 13 anos, diagnosticada com TDHA (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

“Minha filha nunca teve ansiedade nem depressão. Ela sempre teve uma rotina de acordar cedo, dormir cedo, ir para a escola e rever os amigos. Agora desregulou totalmente o organismo dela. Ela não consegue dormir cedo, tem vários picos de ansiedade, de choro, de tristeza. Ela já tinha dificuldade presencialmente e precisava de um acompanhamento maior por causa dessa dificuldade de concentração. Com o estudo online ficou tudo mais difícil”, detalha.

O emprego da corretora de imóveis representa a única renda para ela e a filha. Sem a possibilidade de abandonar o trabalho, Noeli deixa a adolescente sob os cuidados da tia ou das vizinhas.

“Tenho que trabalhar. Geralmente quando eu chegava à noite do trabalho, eu repassava as tarefas. Eu trabalho em horário comercial e fora também. Tenho clientes que só podem ser atendidos depois desse horário e não tenho como contratar uma professora particular para ajudar”, comenta.

“Outros estados já permitiram a volta às aulas de forma presencial. Outras cidades também. Londrina ficou para trás. Temos no nosso grupo apoiadores que são médicos. Temos conhecimento científico que as crianças têm menos probabilidade de se contagiar pelo vírus. Outra questão é que todos os comércios estão abertos e há aglomeração. Por que as crianças podem ir para o shopping, mas não podem ir para a escola? Se as crianças e os adolescentes podem frequentar outros ambientes, por que não podem frequentar as escolas?”, questiona.

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| Foto: Viviani Costa - Grupo Folha

Uma das organizadoras do movimento, a advogada Janaína Schiavon garante que os outdoors foram custeados pelas mães e que o grupo é apartidário. Ela é mãe de duas meninas de 11 anos e de um menino de 15.

“A gente achou necessário chamar a atenção de outras mães e do poder público, inclusive, sobre a importância da escola na vida das crianças nesse momento. Mais mães acabaram se envolvendo e abraçando a causa. Não há envolvimento de nenhum político. A gente não quer que isso continue sendo uma briga política. Da nossa parte, queremos restabelecer o direito das crianças de frequentarem as escolas”, ressalta.

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| Foto: Viviani Costa - Grupo Folha

Os outdoors custeados pelo grupo trazem também as mensagens: “Lockdown da educação. Basta!” e “Fora da escola, as consequências para as crianças são muito maiores que a Covid”. Outras ações serão organizadas pelo movimento e também por outros grupos de mães que pedem o retorno das aulas presenciais.

“O isolamento a gente entende que se justifica por um determinado tempo com um cronograma, um planejamento estratégico para equipar e preparar a cidade para esse retorno das atividades. Nós estamos há 11 meses [sem aulas presenciais]. Todas as atividades tiveram a incumbência de estabelecer protocolos dentro das suas empresas. Por que as escolas não podem estabelecer esse protocolo?”, defende Janaína.

Nesta quarta-feira (17), a Secretaria Municipal de Saúde registrou 147 novos casos de Covid-19 e um total acumulado de 34.876 desde o início da pandemia. Ao todo, 653 pessoas morreram. Entre os infectados pela doença, a principal faixa etária está entre 20 e 39 anos, com 15.154 casos positivos. A taxa de ocupação dos leitos de enfermaria Covid SUS estava em 97% nesta quarta.

As aulas presenciais permanecem suspensas até 28 de fevereiro nas escolas municipais e particulares. A Prefeitura de Londrina estabeleceu multa no valor de até R$ 120 mil para as instituições que retomarem as aulas presenciais. Apenas atendimentos individualizados estão permitidos. Caso contrário, além da multa, estão previstas a interdição e até a cassação do alvará do estabelecimento.

Na rede estadual, o cronograma atual prevê a retomada do ensino presencial no dia 1º de março de forma híbrida com revezamento entre os alunos e conteúdos online para o acompanhamento das atividades em casa.