Campanha incentiva doação de sangue no dia do aniversário
Objetivo do Hemocentro do HU é manter um número regular de coletas durante o ano todo
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terça-feira, 13 de junho de 2023
Objetivo do Hemocentro do HU é manter um número regular de coletas durante o ano todo
Jéssica Sabbadini - Especial para a Folha
Doar é um gesto de carinho: tem gente que doa tempo, alimento, dinheiro ou até mesmo uma parte de si, como o sangue. O Hemocentro Regional do HU (Hospital Universitário) de Londrina está promovendo uma campanha para incentivar que a população doe sangue no dia do aniversário. O objetivo é manter um número regular de doações todos os dias do ano, evitando o desabastecimento de sangue, que é fornecido para pacientes de 22 hospitais da região.
Fausto Trigo, coordenador do Hemocentro do HU, explica que a falta de sangue é sentida durante todo o ano, principalmente durante o inverno e no período de férias. Com o objetivo de evitar o desabastecimento, a campanha do “Junho Vermelho” de 2023 busca incentivar que cada doador faça a doação no dia, mês ou semana do aniversário. Segundo ele, existe uma distribuição biológica de nascimentos durante o ano, o que permitiria um número regular de doações. “Se mais pessoas doassem no dia do seu aniversário, a gente teria muito menos problemas de abastecimento ao longo do ano todo”, ressalta.
Entre os 22 hospitais atendidos, o Hemocentro do HU fornece sangue para o Hospital Universitário, Hospital do Câncer, Maternidade Municipal, Hospital da Zona Norte e Hospital da Zona Sul.
A nível nacional, o coordenador detalha que é estimado que apenas 1,5% da população seja doadora de sangue, sendo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta 3% como o índice ideal.
“Em Londrina, como o número de doadores ainda é baixo, dependemos de pessoas que doam de três a quatro vezes por ano para suprir essa necessidade”, pontua.
Nos 22 hospitais que são abastecidos pelo Hemocentro do HU, a cada mês são realizadas mais de duas mil transfusões sanguíneas; o número de doações, por outro lado, é de aproximadamente 1.250. Nesses casos, para chegar ao volume necessário, o HU recebe sangue de outros pontos de coleta do estado por meio do Hemepar, que é a rede pública paranaense de coleta de sangue.
Trigo destaca que há oito anos o Hemocentro não faz mais ações com ônibus para doação de sangue, que ficavam parados em determinados pontos de Londrina e de cidades da região. Segundo ele, o modelo itinerante não é uma opção viável por conta do custo elevado, do número insuficiente de funcionários e do não aproveitamento total de todos os componentes retirados das bolsas de sangue.
As coletas são destinadas para pacientes com anemias agudas, como hemorragias após acidentes, procedimentos cirúrgicos e tratamentos contra cânceres. Após a doação, o sangue passa por diversas testagens contra doenças infecto-contagiosas e caso o resultado seja negativo para todos os testes, ele pode ser destinado para as transfusões.
O sangue coletado é separado em três componentes: glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma. Pode salvar a vida de até três pessoas. “Na geladeira, os glóbulos vermelhos duram 30 dias; as plaquetas apenas cinco dias; e o plasma pode ficar congelado por até um ano”, explica Trigo.
Por ter um prazo de validade, em especial as plaquetas, que têm alta demanda no HU e no Hospital do Câncer, é que existe a existe a necessidade diária durante todo o ano de doações de sangue.
Segundo Trigo, um terço de toda a coleta de sangue mensal é feita aos sábados e o restante é distribuído entre os outros 20 dias úteis. “A gente precisa muito da compreensão das empresas para liberarem seus trabalhadores para virem doar durante a semana”, pede.
De acordo com o Artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o trabalhador tem direito a uma folga a cada 12 meses para fazer uma doação voluntária de sangue. “E os trabalhadores poderiam usar o dia do aniversário para fazer essa doação e tirar a folga”, sugere Trigo.
A cada doação, é coletada uma bolsa de sangue que varia de 400 a 450 mililitros. “A doação de sangue não causa nenhum tipo de dependência ou malefício para o doador. Como benefício, você pode ajudar uma pessoa que você nem conhece, exercer a sua cidadania e salvar pelo menos três vidas a cada doação feita”, ressalta. O Dia Mundial do Doador de Sangue é comemorado em 14 de junho.
Doador há 12 anos, o engenheiro mecânico Rafael Mizuno, 30, ressalta que o procedimento é simples e rápido. “Tem gente que passa por situações difíceis, então o mínimo que nós podemos fazer é ajudar para que elas tenham uma vida mais longa”, afirma.
Já a anestesista Juliane Cavalheiro, 37, começou a doar sangue aos 19 anos, após um trote solidário quando era caloura do curso de Medicina. “No dia a dia, vejo o quanto é necessário o sangue, principalmente após traumas, como acidentes. O HU recebe muitos desses pacientes, então é muito importante vir até aqui fazer essa doação”, destaca.
QUEM PODE E COMO DOAR
Para fazer a doação de sangue, é necessário ter entre 18 anos e 60 anos, para quem for doar pela primeira vez, ou até 69 anos para quem já doou anteriormente. É preciso comparecer com um documento com foto e estar em boas condições de saúde.
Também é necessário aguardar 30 dias após finalizar um tratamento médico ou passar por um quadro infeccioso, como a dengue. Também é preciso esperar sete dias após receber qualquer tipo de vacina; e seis meses após fazer tatuagem. No dia da doação, é importante estar bem alimentado e hidratado.
Os interessados podem comparecer ao local ou optar pelo agendamento (www.saude.pr.gov.br/doacao). A doação dura cerca de 10 minutos, mas o procedimento de cadastro pode levar até uma hora.
SERVIÇO:
Hemocentro do Hospital Universitário
Rua Cláudio Donizete Cavalieri, 156, Jardim Tarumã
Horário de funcionamento: das 8h às 18h30 (de segunda a sexta) e das 8h às 17h30 (aos sábados)