Valorizar a sensibilidade, a compaixão e o olhar ao próximo estão entre os objetivos da Campanha da Fraternidade 2020 lançada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O tema "Fraternidade e Vida: dom e compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” buscam estimular a reflexão sobre o dia a dia em comunidade, a ajuda ao próximo e a realização de ações e projetos em defesa da vida.

O padre Rafael Solano, vigário geral da Arquidiocese de Londrina, destaca que a campanha traz o resgate dos irmãos que se encontram abandonados e marginalizados. “A experiência da indiferença é uma erosão no coração do ser humano. Por isso, a campanha quer resgatar o dom da sensibilidade. Tornar-nos sensíveis diante dos irmãos que estão como mortos no meio do caminho”, afirma.

Santa Dulce dos Pobres é retratada no cartaz de divulgação da campanha como referência no amor e cuidado ao próximo. “É a santa da bondade e da ternura. No meio de tantas situações, está a figura de uma mulher que soube comprometer-se como boa samaritana, vendo e tendo compaixão com quem sofreu”, lembra Solano.

Com a campanha, a Igreja Católica reforça a necessidade de valorização da vida desde a fecundação. O padre Alexandre Alves Filho, coordenador da Ação Evangelizadora, ressalta ainda que é preciso fugir da cultura da indiferença e entender a importância do diálogo para o convívio em sociedade. As comunidades, segundo ele, serão convidadas a fazer uma espécie de radiografia para mapear as necessidades do entorno e planejar ações concretas.

“Há pessoas que estão sozinhas, idosos, muitas vezes a família tem que trabalhar e essas pessoas ficam em casa; há também a necessidade dos que estão com fome; temos comunidades periféricas muito carentes que precisam ter esse olhar especial. [...] Criar grupos de visita missionária para pessoas que estão nas extremidades da nossa arquidiocese... Tem uma série de coisas que as comunidades, olhando a própria realidade, podem fazer durante esse período”, comenta.

A campanha, sempre iniciada na Quaresma, segue até a Páscoa. Alves Filho lembra o verdadeiro sentido cristão desse período de reflexão. “Nós deveríamos pensar assim: ‘Bom, não vou consumir algum produto, mas eu não posso guardá-lo no armário porque estou em jejum não estou em regime. Então, eu devo deixar de consumir para dar para os pobres’. Isso é o verdadeiro compromisso quaresmal. Quando eu deixo de consumir e ajudo a quem precisa”, explica.

No dia 5 de abril, Domingo de Ramos, será realizada a coleta da solidariedade para arrecadar recursos para a realização de obras sociais em comunidades atendidas pelas paróquias em todo o país. Segundo a gerente da Cáritas Arquidiocesana, Deusa Fávero, 40% do total arrecadado é repassado à CNBB e 60% ficam para a Arquidiocese de Londrina que abrange paróquias em 16 municípios.

“Todos os projetos são desenvolvidos pelas comunidades, não necessariamente pelas paróquias, mas ele precisa estar inserido e tem que ter uma vivência na comunidade. O padre da região precisa dar o aval para que mostre que esse projeto leva a contribuição, construção ou melhoria daquele local, seja especificamente para um grupo de pessoas ou para a comunidade como um todo”, detalha.

No ano passado, foram arrecadados pouco mais de R$ 120 mil. Os recursos foram distribuídos entre seis projetos principais e o restante foi destinado a outras demandas existentes para a execução dos trabalhos na arquidiocese. O edital com as orientações detalhadas para a apresentação das propostas será lançado no dia 1º de julho.

A missa de abertura da Campanha da Fraternidade será realizada neste domingo (1º), às 19 horas na Catedral, com arcebispo Dom Geremias Steinmetz.