O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai ajudar as associações de caminhoneiros a parar estradas este mês em protesto contra o alto custo dos pedágios. A estratégia da mobilização será definida no 1º Encontro de Caminhoneiros do Estado de São Paulo, no próximo dia 11, em Tatuí (SP). Estarão sentados à mesa o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUB), Nélio Botelho, o diretor-geral da Associação dos Transportadores de Cargas de Tatuí e Região (Atraca), Júlio Bélvis, e o dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro. Segundo Bélvis, os caminhoneiros querem o apoio do MST para ações de campo, como bloqueio de estradas e ocupação de praças de pedágio.
Ele disse que o período de negociações com o governo transcorreu sem abertura para o diálogo. ‘‘Nossa proposta, agora, é partir para o enfrentamento.’’ A última manifestação contra os pedágios, realizada no dia 6 de setembro, na Rodovia Castelo Branco, reuniu poucos caminhões. ‘‘A estratégia será engajar outros segmentos da comunidade nessa luta, pois o alto custo das tarifas afeta a vida de todo mundo’’, disse Bélvis.
Segundo ele, o MST tem experiência em ações desse tipo e já se mobilizou contra o pedágio. ‘‘Vamos querer a experiência deles do nosso lado.’’ No ano passado, militantes do MST depredaram um pedágio na Rodovia Castelo Branco. Seis deles foram condenados a penas que variam de 8 a 11 anos de prisão.
O encontro servirá para definir a mobilização que, segundo Bélvis, terá alcance nacional. ‘‘A sociedade brasileira tem nojo de pedágio e não aguenta pagar um custo que aumenta a cada dia.’’
A deputada federal Iara Bernardi (PT/SP), que participa da organização do encontro, confirmou a presença do líder do MST. Procurado pela reportagem ontem, Mauro não foi encontrado. Segundo Iara, o deputado estadual José Zico (PT), que integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Pedágios na Assembléia Legislativa, e o advogado Luis Eduardo Greenhalg também vão estar presentes. Ela disse que a bancada do PT denunciou irregularidades no processo de privatização de rodovias. ‘‘Mas a CPI dos Pedágios acabou em pizza.’’
Segundo a Associação Nacional dos Transportadores de Carga, o custo da tarifa chega a exceder em até 30% o gasto com combustível e o valor de pedágio pago pelos caminhões representa de 17% a 25% do custo do frete.