Caminhoneiros apresentam nova pauta de reivindicações ao governo
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terça-feira, 08 de fevereiro de 2000
Por Gustavo Paul
Brasília, 08 (AE) - A recém criada Federação Nacional dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam), que reúne os sindicatos dos caminhoneiros de nove Estados, apresentou hoje uma nova pauta de reivindicações ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha. A federação não se considera representada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (UBC), presidido pelo sindicalista Nélio Botelho, e quer passar a ser a representante oficial da categoria.
"O Nélio Botelho quer mais é estar na frente das câmaras de televisão", disse o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de São Paulo (Sindicam-SP), Norival de Almeida Silva. Nas últimas semanas, Botelho tem se movimentado entre a categoria para tentar organizar uma nova greve, como a que quase parou o País em julho passado.
A nova pauta de reivindicações, de 11 ítens, reitera a Padilha o pedido para aprovação da carta sindical da Fenacam, a inclusão da federação formalmente nas negociações como "legítima representante nacional dos caminhoneiros autônomos do Brasil". Desde a greve do ano passado o Ministério dos Transportes tem servido de intermediário entre os órgãos de governo e os caminhoneiros.
No entender do governo, as novas reivindicações da Fenacam evidenciam que há um briga de lideranças do movimento, o que deve inviabilizar qualquer tentativa de parar os caminhões em nível nacional. Para se manter distante da briga interna dos motoristas, o ministro recebeu o pedido, mas não quis se manifestar sobre as reivindicações.
Segundo uma autoridade ligada ao Palácio do Planalto, os órgãos de inteligência do governo estão monitorando os caminhoneiros e uma nova greve deverá ser tratada com rigor policial, para que as rodovias não sejam interditadas. Amanhã haverá mais uma reunião do grupo de trabalho criado depois da greve de julho. Pela portaria de criação deste grupo, ele se extinguirá no início de março e a Fenacam pediu que ele seja mantido, com prazo indeterminado.
A Federação quer também que os departamentos de trânsito dêem baixa definitiva dos veículos com perda total nos acidentes de trânsito para evitar o registro de veículos roubados. Os caminhoneiros querem também a concessão de financiamentos a longo prazo para renovação da frota de veículos, com períodos nunca inferiores a 10 anos, e prazo de carência de pelo menos dois anos e encargos financeiros idênticos aos concedidos às pequenas e microempresas.