Bangcoc, 13 (AE) - Michel Camdessus começou o último dia de seus 13 anos como diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) levando uma torta de creme no rosto. O "agressor" foi um jovem norte-americano, não-identificado, membro de uma organização não-governamental (ONG).
O local, o plenário, ainda vazio, da 10ª Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), iniciada sábado em Bangcoc, Tailândia.
Kofi Annan, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), comentou que o presente "foi um pouco rude".
Camdessus não perdeu o bom-humor. Após livrar-se do "presente", o convidado especial do secretário-geral da Unctad
Rubens Ricúpero, pronunciou para o plenário, já lotado com os delegados de 180 países, seu último discurso oficial.
Camdessus reiterou que é preciso "humanizar a globalização", enfatizando que "a pobreza é a ameaça definitiva à estabilidade do mundo globalizado".
Defendeu "um novo multilateralismo", e acredita que "o novo paradigma nas relações internacionais está emergindo progressivamente". Já existe uma nova dinâmica, que está levando a uma nova percepção da globalização como um instrumento efetivo de mudanças, segundo Camdessus.
Mas ele se espanta com tanta rejeição - manifesta em Seattle e Davos. De acordo com sua análise, a comunidade internacional ainda não foi capaz de demonstrar como se elimina a pobreza. Mas
segundo ele, "a pobreza deixou de ser inevitável": a revolução em tecnologia de informação e os mercados globalizados podem ser os melhores instrumentos para enfrentá-la.
Os países mais pobres, de acordo com Camdessus, podem ser ajudados através de acesso irrestrito a mercados dos países desenvolvidos, mais investimento estrangeiro direto, mais transferência de tecnologia, e mais ajuda técnica e financeira.