À margem da avenida Dez de Dezembro, o Centro Cultural Kaingang de Londrina pede ajuda. Com moradias improvisadas de madeira e outros materiais recicláveis, 29 famílias vivem em uma área de aproximadamente um alqueire. Por conta dos frequentes incêndios, eles estão fazendo uma campanha para arrecadar dinheiro para reformar as moradias, além de comprar alimentos e produtos de higiene, já que a renda das famílias vem da venda de artesanatos e de benefícios assistenciais.

O cacique Renato Kriri explica que o espaço, que eles chamam de vãre, foi criado em 1999 como forma de trazer mais segurança aos indígenas da região que viviam de forma precária. Segundo ele, era uma forma de mostrar a cultura e a tradição da etnia caingangue.

Kriri conta que os indígenas enfrentam dificuldades para cuidar do espaço por conta própria. “O poder público não vem enxergando esse espaço histórico, que tem muito valor para nós”, explica.

De acordo com ele, historicamente, os indígenas viviam em grandes territórios, como era o caso da região entre as cidades de Londrina e Tamarana, mas que agora estão limitados apenas às reservas.

Os caingangues hoje vivem em barracos no entorno do que foi o centro cultural. Por conta disso, convivem frequentemente com incêndios. O último, no começo de julho, foi provocado pela queda de uma vela e destruiu um barraco.

Há pouco mais de um ano, outros seis barracos foram consumidos pelo fogo e só foram reconstruídos com a doação de materiais.

O cacique reforça que o preconceito ainda é um fator que os coloca à margem da sociedade: “Indígena ou não indígena, nós somos todos seres humanos, que sentimos tristeza e fome”.

Denilza Gino vive há pouco mais de um ano no Centro Cultural Kaingang com o marido e o filho de 16 anos. Ela conta que eles vivem de doações esporádicas, além da venda de artesanato, dos bicos que o marido faz e de um benefício social. “Quando a gente vende [o artesanato], o dinheiro já vai para comprar a mistura, mas é para comer no dia porque no outro já não tem [mais]”, afirmou.

De acordo com a Prefeitura de Londrina, o local é uma área de preservação ambiental e deveria sediar apenas o Centro Cultural Kaingang, sendo que está ocupado irregularmente pelos indígenas. Segundo o executivo, já existe uma ação de reintegração de posse da área, que ainda não foi executada porque o município pretende construir uma casa de itinerância para os indígenas. A obra ainda está na fase de desenvolvimento de projetos e ainda não tem previsão de sair do papel.

COMO DOAR

As doações podem ser feitas pelo PIX (43) 9966-33942. Doações de alimentos e materiais de construção podem ser feitas no local, na Rua Pedro Antônio da Silva, 100, ou no Canto do Marl, na avenida Duque de Caxias, 3.241.