Londrina já foi a capital mundial do café, atualmente tem uma economia ainda fortemente atrelada ao agro, e está buscando fortalecer o setor de serviços baseado em tecnologia. A vinda de grandes empresas de Tecnologia da Informação e da Comunicação (T.I.C) ajudou nessa direção. O caminho, porém, está apenas começando.

Para consolidar e fortalecer essa nova economia, que é bastante diferente das grandes indústrias tradicionais, é preciso uma série de elementos, como criação de mão de obra altamente especializada, infraestrutura robusta de comunicação, e elevados investimentos. As instituições de pesquisa e ensino superior públicas, como a Universidade Estadual de Londrina (UEL), vêm realizando importante contribuição. Da mesma maneira a instalação de uma antena 5G na Embrapa Soja. A criação da Cocriagro, hub de inovação para o agronegócio, trouxe outro impulso fundamental.

Recentemente uma startup de Londrina conectou as duas pontas: a Arabyka exportou para o Japão um lote de café superespecial orgânico com rastreabilidade 'blockchain', que vai trazer informações para o consumidor como época e tipo de colheita, secagem, lote e variedade por um meio totalmente inovador.

A tecnologia 'blockchain' é um livro-razão compartilhado e imutável que facilita o processo de registro de transações e o rastreamento de ativos. É uma rede de informações compartilhada por membros que buscam maior confiança e eficiência em transações comerciais. Nestes casos a rede é privada. Uma organização administra a rede, controla o acesso a ela, executa um protocolo de consenso entre as partes e ainda mantem o livro-razão compartilhado entre os membros. É diferente do acontece com o Bitcoin, que é uma rede aberta e, por esta razão, tem menor segurança, reduzida privacidade e maior vulnerabilidade a ataques.

Conversei com o CEO da Arabyka, o amigo agrônomo e ex-secretário de Agricultura do Paraná, George Hiraiwa. George lembra que o consumidor está cada vez mais exigente e que informações confiáveis são imprescindíveis no comércio internacional. “Acredito que será uma grande oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo que produzimos alimentos seguros e sustentáveis”, salienta o CEO.

Interessante notar a inovatividade da tecnologia blochchain. Recentemente tratei nesta coluna que os dados são o “ouro” do futuro. Pois bem, esta nova tecnologia é o melhor exemplo disso. Não escrevo isso por conta do Bitcoin e do fato de que pode ser uma moeda virtual. Pelo contrário, o valor da informação está naquilo que se pode fazer a partir dela. No caso do café rastreado, ao preço maior da mercadoria em decorrência dos dados sobre secagem, armazenamento, colheita, geolocalização e afins. Não por acaso, já disse que dados sem contexto não tem valor. Dai a razão pela qual é importante a rede, na qual os dados coletados geram dividendos para seus membros a partir da confiança que se estabelece entre as partes.

Parabéns à Arabyka pela iniciativa e sucesso com a nova tecnologia.

*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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