Imagem ilustrativa da imagem Cabeleireira que atuou no Salão Coroados morre em decorrência da Covid-19
| Foto: Ricardo Chicarelli-26/06/2019

Em quase 50 anos de trabalho no Salão Coroados, clientes se tornaram amigos e colegas de profissão, uma família. Assim foi a vida da cabeleireira Maria Aparecida Pedriça, 70, mais uma vítima da Covid-19 em Londrina.

De acordo com a família, os sintomas sugiram no sábado de Carnaval. Cinco dias depois, "Cida" foi internada na rede particular de saúde e chegou a ficar sete dias aguardando a vaga em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Com o agravamento do quadro de saúde, foi transferida para o Hospital do Coração e, depois de oito dias respirando com a ajuda da ventilação mecânica, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Natural de Arapongas, Maria Aparecida Pedriça possuía comorbidades e não resistiu na tarde desta sexta-feira (12).

Em junho de 2019, a FOLHA contou um pouco da história cujo início remonta ao final da década de 1940 e cujo cenário é uma Londrina que só existe na memória dos pioneiros, nas fotografias, filmes e nos livros.

Personagem central desta história, Ederaldo Almeira, 82, lembrou da companheira de trabalho como uma pessoa bastante alegre, humana e ativa. "Nunca tive uma queixa dela. Muito tempo de trabalho no salão. Mas, infelizmente, a morte não escolhe. Eu achei que ela deveria durar mais tempo. Mas, para nós, ela foi muito boa”, afirmou à FOLHA. Embora triste pela partida da amiga, seu Ederaldo disse que estava feliz por ter recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19. “Estou muito bem, não tive nada”, alegrou-se.

Quando seu filho, Paulo Ricardo de Almeida, 54, deu os primeiros passos na profissão que desempenha até hoje, aos 14 anos, Cida já fazia parte da "família". De acordo com ele, com o fechamento do Salão Coroados, a profissional estruturou seu próprio salão de beleza, porém nunca deixou de estar presente na vida do ex-chefe. "A Cida sempre ajudava e trazia muitas coisas para o meu pai, continuou a amizade, sempre mantendo presença", lembrou.

Para a filha, Odilamara Pedriça, 45, ficará a saudade dos passeios no Iate Clube e das conversas acompanhadas de uma "cervejinha" aos finais de semana. Filha única, lembra que ela, a mãe e sua própria filha, Maria Luíza, 20, formavam um "trio", um "tripé" de apoio, carinho, amor e companheirismo. "Eu vejo o trabalho na personalidade dela. Era uma guerreira, curtia a neta, ajuda todo mundo, era impressionante. Os idosos da Souza Naves todos vão sentir falta dela. Clientes de 50 anos. Era a vida dela".