Brasília, 07 (AE) - O presidente nacional do PDT e ex-governador do Rio, Leonel Brizola, irá lançar oficialmente a candidatura à prefeitura carioca no dia 29, uma semana depois de completar 78 anos. Segundo o líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, Miro Teixeira (RJ), os rumores de que o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), poderá deixar a legenda é uma das principais razões para a candidatura de Brizola.
Segundo afirmou hoje Miro Teixeira, a decisão do partido de não apoiar a candidatura da vice-governadora Benedita da Silva (PT) e lançar um nome próprio na eleição municipal foi tomada na última reunião da Executiva Nacional, em dezembro, mas só agora Brizola definiu que será o candidato.
"Todo dia há notícias de que o governador busca outro partido; portanto, é legítimo que o PDT busque se proteger", afirmou o deputado, ressaltando que "Garotinho sempre desmente estas notícias de forma veemente, mas não convence ninguém".
Para Miro Teixeira, o PDT espera manter as prefeituras médias do Estado nas eleições deste ano e conseguir uma votação expressiva com Brizola na capital para sobreviver a uma eventual saída de Garotinho do partido, acompanhada da debandada de dezenas de prefeitos. "Não temos dúvida sobre a fidelidade do Jorge Roberto da Silveira (prefeito de Niterói, na Grande Rio) e do Edson Ezequiel (prefeito de São Gonçalo), mas, quanto ao Garotinho, há um quadro de incerteza", afirmou Miro Teixeira.
Na última vez que concorreu como cabeça de chapa numa eleição majoritária, em 1994, Brizola conseguiu 10% dos votos no Rio como candidato a presidente. As pesquisas de opinião atualmente apontam-no como tendo de 10% a 12% dos votos no Rio. Segundo Miro Teixeira, a possível derrota não assusta Brizola. "Não nos guiamos pelo pragmatismo das pesquisas, mas pela pregação de idéias e pela organização partidária; a lógica da esquerda é diferente da lógica da direita", afirmou.
Miro Teixeira lembrou que, em 1994, Brizola terminou a disputa com apenas 3% dos votos para presidente em todo o País, a metade da votação do então candidato Enéas Carneiro (Prona), mas, ainda assim, o PDT elegeu 35 deputados federais e 2 governadores. Depois de quatro anos, com Brizola como candidato a vice-presidente na chapa do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, o PDT elegeu 24 deputados. "Em 2002, a coligação proporcional poderá estar proibida e o partido precisa deixar a sua marca com candidaturas próprias na maioria das cidades", disse.
O lançamento da candidatura de Brizola sepulta a possibilidade do cumprimento do acordo fechado entre Garotinho e Benedita para que a vice-governadora tivesse o apoio do PDT nas eleições deste ano. "O acordo não deu certo porque as bases petistas do Rio não quiseram apoiar Garotinho em 98, lançando o ex-deputado Vladimir Palmeira, e o PT só se coligou com o PDT aqui depois de sofrer intervenção nacional", justificou Miro Teixeira.
Embora Brizola conte com baixos índices na pesquisa e uma grande taxa de rejeição, ele poderá ser beneficiado pelo enorme número de candidatos no Rio. Com exceção do PPB, todos os partidos com alguma representatividade na cidade estão com nomes próprios, pulverizando o eleitorado. O PFL lançará o atual prefeito Luís Paulo Conde como candidato à reeleição. O ex-prefeito César Maia tenta voltar ao cargo pelo PTB. Os deputados federais Ronaldo Cézar Coelho (PSDB), Airton Xerez (PPS), Alexandre Cardoso (PSB) e Jandira Feghali (PC do B) também são candidatos. Da mesma forma, o presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Sérgio Cabral Filho (PMDB), irá concorrer, junto com Benedita, o vereador Alfredo Sirkis (PV) e o médico Enéas Carneiro (Prona).