O Tribunal do Júri de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, condenou o empresário Edison Brittes Junior a 42 anos, cinco meses e 24 dias de prisão em regime fechado pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, ocorrida em outubro de 2018. A sentença foi proferida pelo juiz Thiago Flores Carvalho no início da noite desta quarta-feira (20).

Edison foi condenado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e coação no curso do processo.

Ygor King, David Willian Vollero Silva, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Cristiana Brittes foram absolvidos da acusação de homicídio. Cristiana, no entanto, foi condenada pelos crimes de fraude processual e corrupção de menor a seis meses de detenção em regime aberto.

Allana Brittes, filha de Edison e Cristiana, foi condenada por fraude processual, coação no curso do processo e corrupção de menor a seis anos, cinco meses e cinco dias em regime inicial fechado. O juiz determinou a prisão imediata da ré, ainda em plenário. Por fim, Evelyn Brisola Perusso foi absolvida da acusação de fraude processual.

PASSO A PASSO

Foram três dias de julgamento, que teve início na última segunda-feira (18), no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Quatro mulheres e três homens foram sorteados como jurados.

No primeiro dia, 13 testemunhas foram ouvidas, sendo duas sigilosas. Além disso, foram interrogados Cristiana Brittes e Edison Brittes Junior, por cerca de 1 hora cada.

Cristiana foi a primeira a ser ouvida e destacou que o jogador “acabou com a vida dela”. A mulher afirmou que queria que ele estivesse vivo para responder pelo abuso que cometeu contra ela.

A fala de Edison Brittes aconteceu na sequência e ficou marcada pela acusação ao ex-advogado de defesa. O réu afirmou que foi orientado a mentir anteriormente pelo então defensor Claudio Dalledone Junior, e que falaria a verdade no júri. Procurado pela FOLHA, o advogado negou e pontuou que deixou a defesa de Edison, em março do ano passado, por causa de uma "proposta indecorosa".

No segundo dia de júri, foram ouvidos os outros cinco réus, que detalharam o passo a passo daquele dia e ressaltaram que Edison "agiu pela família", reforçando a ideia de que Daniel teria tentado estuprar Cristiana e por isso o empresário o espancou e matou.

Na terça-feira (19) também aconteceram os debates entre acusação e defesa. As falas terminaram nesta quarta-feira com a réplica e tréplica. A defesa acusou o Ministério Público de não ter provas, enquanto a acusação reiterou que os sete acusados condenaram o atleta “a uma morte violenta” e não deram o direito de ele se defender.

O CRIME

Com passagens pelo São Paulo e Coritiba, Daniel Corrêa Freitas era convidado da festa de aniversário da amiga Allana Brittes, filha de Edison Brittes Junior, em uma casa noturna de Curitiba. Após a balada, o jogador aceitou o convite para esticar a comemoração na casa da Família Brittes, junto de outras dez pessoas, em São José dos Pinhais.

Segundo a Polícia Civil, o conflito com Edison teria sido motivado por fotos e áudios enviados por Daniel em um grupo de amigos no WhatsApp. Nas mensagens, o jogador se vangloriava por estar na cama deitado ao lado de Cristiana Brittes, esposa do dono da casa.

De acordo com a investigação, ao saber das mensagens, o empresário deu início ao espancamento de Daniel e teve a ajuda de outros convidados da festa. O jogador só sairia da casa dentro do porta-malas de um carro. Foram 11 quilômetros de distância até a plantação de pinus, onde o corpo foi encontrado por um morador na manhã de 27 de outubro de 2018.

Conforme os laudos da Polícia Científica, Daniel foi parcialmente decapitado e teve o pênis decepado, com participação direta de Edison, Ygor, Eduardo e David.

A investigação afirma ainda que, dois dias depois do crime, Edison se encontrou com os outros seis envolvidos em um shopping para combinar a versão que seria dada à polícia. A história não convenceu e o empresário acabou confessando o assassinato e sendo preso na mesma semana.