Rio, 28 (AE) - O brigadeiro Ivan Frota, ex-candidato à Presidência da República pelo PMN, defendeu, durante almoço de desagravo ao ex-comandante da Força Aérea Brasileira, brigadeiro Walter Br„uer, o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso. "A Nação está insatisfeita", disse Frota. Para ele, o almoço pode ser um primeiro passo para uma mobilização popular que levaria à "substituição do governo". Frota admitiu que esse movimento popular poderia ser liderado pelos militares. No mesmo tom, o deputado federal e capitão do Exército Jair Bolsonaro (PPB) defendeu que o Brasil siga o modelo "Hugo Chávez" (coronel e presidente da Venezuela). "Se surgisse uma liderança, poderíamos mudar isso que aí está", afirmou. Bolsonaro afirmou torcer para que o almoço proporcione uma crise militar. "É a maneira mais rápida de mudar", declarou, negando
porém, que estivesse defendendo um golpe militar.
Homenageado no Clube de Aeronáutica por 660 pessoas, entre militares da ativa e da reserva e civis que se reuniram hoje em almoço de protesto contra sua exoneração do governo, o brigadeiro Walter Br„uer, ex-comandante da Força Aérea, disse estar surpreso com a repercussão de sua demissão. Br„uer disse acreditar que os militares não estão expressando uma "revolta" restrita às três Forças. "É uma opinião não dos militares, mas da Nação", declarou. O brigadeiro procurou afastar, no entanto, a possibilidade de uma crise militar no governo. Quando lhe perguntaram se o almoço ampliaria a revolta, Br„uer garantiu: "Claro que não."
Em uma tentativa de abaixar o tom da indignação dos militares com o governo federal, o presidente do Conselho Deliberativo do Clube de Aeronáutica, brigadeiro Murillo Santos, garantiu em seu discurso há pouco que os militares não desejam se imiscuir na vida política do País e nem vão "reagir à bala" contra a privatização da Infraero e extinção do DAC. Em entrevista durante o almoço de desagravo ao brigadeiro Walter Br„uer,Santos disse ser contário a qualquer tentativa de impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso, embora alertasse que a mobilização dos militares poderá levar a mudanças. "Mas sempre pela via institucional", garantiu. Mais exaltado, o presidente da entidade, brigadeiro Ércio Braga, disse que o almoço de adesão a Br„uer foi um "sinal amarelo" para o governo. "E vamos para o vermelho", disse.