A Itália já registrou 12 mortes e quase 400 pessoas infectadas pela novo coronavírus. Por conta da infestação, o governo italiano passou a adotar medidas mais rigorosas desde o último final de semana. As novas diretrizes impactaram a rotina dos moradores, como contam dois brasileiros que vivem a situação na cidade de Milão, na região da Lombardia, na Itália.

“Quando descobriram o primeiro caso, começaram a surgir vários casos depois, então teve um momento de pânico, psicose total. Há dois dias, eles esvaziaram os supermercados, fazendo estoque de comida para ficarem em casa. Uma reação exagerada”, julga a assistente de direção Angela Maria Cursino, 40, que vive em Milão há 19 anos com a filha de 18. Ela viveu em Londrina durante a graduação na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e partiu para a Itália assim que obteve a formação.

Desde o último final de semana, a agenda da cidade tem sido alterada para evitar a aglomeração de pessoas. Assim, eventos como campeonato de futebol, espetáculos, visitas a museus foram cancelados. As escolas também estão fechadas desde a segunda-feira (24). “Eles (o governo) têm recomendado sair o menos possível de casa, evitar lugares cheios e lavar as mãos frequentemente”, relata Cursino. “Essas medidas de emergência foram programadas para duas semanas, que é o período de incubação do vírus, o problema é que o número de casos continua aumentando”, revela.

A assistente explica que o momento parece assustador, mas que muitos italianos estão seguindo suas rotinas normalmente. Ela continua trabalhando e fazendo suas tarefas diárias, como sair de casa para as compras e resolver assuntos do dia a dia. “O país está dividido entre pessoas muito preocupadas e outras enfrentando por aquilo que é: um vírus que ninguém conhece, que se pega facilmente, mas nada mais que uma gripe com sintomas mais graves”, comenta. Ela revela que familiares e amigos brasileiros entraram em contato, mas diz que agora o momento é de aguardar as novas orientações. “Estão mudando as normas de dia em dia.”

O mesmo foi percebido por Fernando Sing, 48, que vivia desde os três anos de idade em Londrina, mas foi para a Itália há sete. “As pessoas estão andando nas ruas com camisetas enroladas no rosto e está tudo parado por aqui. Desde segunda-feira, as empresas que permitem, estão pedindo para que os trabalhos sejam realizados em casa, que é o meu caso”, relata o diretor de arte.

Sing relata que os supermercados estão avisando que não é preciso desespero e que hoje estão normalizando a situação, mas que há regiões que há filas para as compras e que a entrada no estabelecimento é contida para evitar aglomeração. “Os meios de transporte estão funcionando normalmente, mas estão vazios. Bares e restaurantes têm o toque de recolher às 18h. Houve um caso em Milão em que o dono estendeu o horário para até as 19h e ele foi preso por três meses”, comenta.

Apesar da situação, o diretor de arte conta que está seguindo normalmente, saindo de casa e que tem os cuidados de lavar as mãos com frequência e usando álcool gel, item que se tornou raro nas prateleiras. “Tem um de uma marca específica daqui e que foi a preços absurdos, cobrando 500 euros para uma coisa que custava 2 euros”, critica.

Para ele, há uma situação de pânico generalizada, mas que é possível viver a rotina tranquilamente, obedecendo as normas de cuidados apresentadas pelas autoridades de saúde e que é assustador que as pessoas reajam dessa forma. “Eu nunca vivi isso, aqui sempre reinou a paz e tranquilidade”, afirma. “As recomendações vão até o dia 1º de março e esperam pouco a pouco para voltar ao normal, mas estão aconselhando ficar em casa agora.”