Belo Horizonte - O Brasil subiu uma colocação no Índice de Desenvolvimento Humano 2011. O relatório, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra o País em 84º. entre 187 nações. Nos últimos seis anos, o País aumentou quatro posições no ranking mundial, tendo sido classificado, em 2007, pela primeira vez, como Alto Desenvolvimento Humano. O avanço brasileiro, no entanto, está ficando mais lento. Resolvidos os grandes problemas, o País esbarra agora no mais difícil: não basta apenas a quantidade, é preciso resolver a qualidade.
Os dados do PNUD apontam que, desde 2000, o Brasil avança 0,69% ao ano no IDH. Nas últimas três décadas, a evolução anual foi de 0,87%, uma média só inferior a outros seis países hoje classificados como de alto ou muito alto desenvolvimento humano. Entre 1980 e 1990, a melhora foi de quase 1% ao ano. Essa queda na velocidade de avanço do IDH - uma tendência na maior parte dos países mais desenvolvidos - revela que quando o macro já foi feito, os detalhes que garantem a qualidade de vida da população ficam cada vez mais difíceis de resolver, são mais demorados e requerem mais investimento para alcançar os mais pobres entre os pobres.
Os números usados pelo relatório mostram que o Brasil tem hoje uma expectativa de escolaridade de 13,8 anos, superior a países de Alto Desenvolvimento Humano como Luxemburgo (25º.), Emirados Árabes (30º.) e o Catar (37º.). A escolaridade real, no entanto, é de apenas 7,2 anos, semelhante a países muito mais pobres como a Suazilândia, Gana ou o Suriname.
A tradução desses número é que uma criança brasileira tem chances reais de completar o ensino médio e entrar em uma faculdade porque há oferta de vagas e o ensino básico brasileiro obrigatório é de 12 anos. Na prática, uma boa parte delas sai antes mesmo de terminar o ensino fundamental. Segurar esses meninos e meninas na escola, fazer com que aprendam é um dos maiores exemplos do trabalho difícil que País ainda não conseguiu fazer.
Ainda assim, os avanços sociais são o que levou o Brasil a melhorar seu IDH na última década. Descontada a renda per capita, o Índice brasileiro chegaria a 0,748 e permitiria ao País estar 17 posições acima no ranking mundial. A expectativa de vida ao nascer - que pode ser considerada uma síntese de melhorias, da prevenção de doenças e tratamentos mais eficazes, à melhoria, mesmo que insuficiente, na educação no acesso à água potável - é a principal alavanca do IDH brasileiro. Entre 2000 e 2009, esse índice aumentou praticamente cinco anos, alcançando os 73,5 anos registrados no relatório.
Já a renda derrubaria o Brasil em sete posições, se apenas ela fosse usada para classificar os 187 países analisados pelo PNUD. Apesar de ter subido mais de 50% desde 1985, alcançando 10.162 dólares PPP (Paridade por Poder de Compra, uma medida internacional feita para que se possa comparar as diferentes moedas mundiais), é apenas pouco mais de um quinto da renda per capita da Noruega, o País com melhor desenvolvimento humano no mundo. Também é bastante inferior à Turquia e Tunísia, países com IDHs semelhantes ao brasileiro. E é essa renda, que permite a qualquer um decidir por si o que lhe falta, o que precisa e o que gostaria de ter, o maior desafio brasileiro nos próximos anos.

Imagem ilustrativa da imagem Brasil sobe uma colocação no IDH 2011