São Paulo, 02 (AE) - Para ampliar suas vendas externas o Brasil terá que adotar uma política de diversificação da pauta de exportações, alertou o secretário geral da Organização das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), um órgão da Onu, Rubens Ricupero. Ele lembrou que há 20 anos o Brasil tem suas exportações concentradas em minério de ferro, café, açúcar, complexo soja e aço. "Não saimos disto há muito tempo, prejudicando o País. É preciso que o BNDES tenha uma política que privilegie uma mudança tecnológica", disse Ricupero, por telefone, de Genebra.
Essa diversificação na pauta de exportações é mais do que necessária, para que o País possa aumentar o comércio externo. "O que não se pode é continuar com a mesma pauta de exportações de há 20 anos. Entendo que uma decisão sobre Seatle ou da OMC sobre algumas questões de barreiras não vai melhorar a posição do Brasil. Tem que sair para uma diversificação de produtos. Há muita competição em cima da pauta atual de exportações, o que dá pouco espaço para o País conseguir melhores resultados", disse.
"Está na hora de se prestar mais atenção e buscar dar maior valor agregado aos produtos", salientou o secretário geral da Unctad, lembrando que "na área macroeconômica o País já conseguiu melhorar, com a desvalorização do real". Esse é um auxílio importante para o comércio externo.Outro fator que tem de ser levado em consideração, disse, é a busca de entendimento no Mercosul. São países que podem comprar manufaturados do Brasil. Os países vizinhos também. "O governo brasileiro e argentino devem buscar uma solução para os problemas do Mercosul. Sei que é díficil, pois Brasil e Argentina tem regimes cambiais diferentes. O do Brasil é flexível e o da Argentina é fixo. Rubens Ricupero disse ainda que a prorrogação do acordo automotivo entre o Brasil e a Argentina por mais 60 dias deverá passar pelo crivo da Organização Mundial do Comércio (OMC) e esperar que nenhum país o conteste.