Brasília, 01 (AE) - O Brasil passou praticamente incólume pelo teste do bug do ano 2000, registrando uma passagem de ano tão tranquila quanto à da imensa maioria dos países do mundo que fizeram a mesma preparação. Exatamente à zero hora de hoje, a única preocupação do comando geral de controle instalado no Ministério da Defesa era com a sobrecarga do sistema de telefonia na orla do Rio de Janeiro, devido ao acúmulo de chamadas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desmentiu falhas no sistema de abastecimento durante o dia de hoje e o ministro do Orçamento e Gestão, Martus Tavares, chegou a se antecipar e anunciar às 21 horas, três horas antes da virada do ano, que a preparação havia sido um sucesso.
"O plano de contingência não será necessário, não vamos precisar acionar o plano B", afirmou. A autoconfiança já estava presente , contudo, desde às 16 horas, quando o brigadeiro Sidney Benício, responsável pelo plano de contingência, afirmou que não havia nenhum motivo para correção dos preparativos até aquele instante. Uma salva de palmas foi ouvida na sala do comando no momento em que se encerrou o primeiro minuto do ano sem qualquer registro de ocorrência nas área se saúde, eletricidade, transporte e defesa civil.
O Banco Central não precisou utilizar os R$ 7 bilhões em papel-moeda a mais que mandou a Casa da Moeda imprimir ao longo de 1999, como garantia no caso de haver aumento no volume de saques na virada de ano.
Os saques realizados ficaram dentro da normalidade e o dinheiro extra não foi usado. "O fato de não ter havido nenhuma mudança de comportamento da população, ao contrário do que ocorreu em outros países, foi a primeira vitória do Brasil contra o problema do bug", disse o secretário-executivo da Comissão do Bug 2000 do governo federal, Solon Lemos Pinto. Houve problemas de corrida aos caixas de banco na Austrália, país que teve que lançar mão de recursos do plano de contingência.
Na área de eletricidade, foram desmentidas notícias de um apagão em municípios do sul de Minas Gerais. O temor de um colapso no setor de abastecimento de energia era a principal preocupação do governo, que montou um esquema de monitoramento por satélite para acompanhar os acontecimentos em outros países e colocou 13 mil funcionários de plantão na virada do ano. O porta-voz da Aneel para o acompanhamento do bug do ano 2000, Sérgio de Oliveira Frontin, chegou a prevenir durante a tarde a possibilidade de ocorrência de problemas, mas desmentindo qualquer relação com a passagem do ano . "Problemas localizados podem acontecer hoje, amanhã e sempre, pois as instalações estão sujeitas a acidentes, aos vendavais, aos fogos e a diversos outros fatores", disse ele.
A nota curiosa do acompanhamento do bug por parte do governo foi o esquecimento do arquipélago de Fernando de Noronha
em Pernambuco, primeiro lugar do País a entrar no ano 2000 , uma hora antes de Brasília. Ao ser perguntado sobre como havia sido a virada do ano no local, o porta-voz do Ministério da Defesa, coronel Pedro Brito, admitiu que o Comando Geral não havia procurado se informar. O tráfego aéreo também não preocupou. O Comando constatou às 19h30 de ontem que apenas 164 aeronaves sobrevoavam o Brasil naquele momento, número três vezes menor que o habitual.
O esquema de prontidão para os efeitos do bug irá continuar até o dia 5. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, simulará hoje a abertura de 53 agências em todo o País para verificação de seus sistemas depois da virada do ano. Deverão ser realizados testes nos principais sistemas corporativos da instituição. Serão checadas, ainda, as operações de depósito, débito em conta, pagamentos, recebimentos de contas e outras para que, segunda-feira, quando da reabertura das agências, tudo esteja em ordem.

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