Brasil domina e-commerce na AL, mas participação do País deve cair
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2000
por Paula Puliti
São Paulo, 12 (AE)- O Brasil domina o mercado de comércio eletrônico de varejo na América Latina, com 88% de todas as vendas na região, que totalizaram US$77 milhões em 99. Essa porcentagem, no entanto, tende a diminuir nos próximos três anos com a expansão do E-Commerce no México e na Argentina, países que hoje detêm 6% e 2% do comércio eletrônico de varejo na América Latina, respectivamente. "A contribuição do Brasil deve cair para 60%, valor que equivale ao percentual do PIB do país na América Latina", estima Marcos Aguiar, diretor de comércio eletrônico e tecnologia do Boston Consulting Group (BCG), consultoria que avalia o potencial do comércio eletrônico em vários países.
Mesmo com a queda da participação do Brasil no bolo do comércio eletrônico da região, os bancos e as empresas interessados em ganhar com o E-Commerce não terão do que reclamar. Dos atuais US$77 milhões, o mercado de vendas online no varejo na região crescerá para US$3,8 bilhões até 2003, cabendo ao Brasil movimentar cerca de US$2 bilhões, segundo estimativa da BCG. "Tanto no México quanto na Argentina, os custos de acesso vão cair e o E-Commerce vai amadurecer", explica Aguiar. Para ele, o crescimento do peso de outros países no comércio eletrônico regional é uma tendência positiva, porque o investidor será atraido para região por uma massa crítica ainda maior de consumidores online.
No Brasil, explica o consultor, a população online supera a dos outros países da região, em boa parte, por causa da iniciativa dos bancos, que há anos oferecem a seus clientes operações via Internet. Como seus sites já têm uma comunidade fixa, já se previam que as instituições entrariam forte em outros segmentos da Internet, como o comércio eletrônico. Segundo dados da BCG, as compras online no mercado latino-americano concentram-se em livros, computadores, eletro-eletrônicos e produtos de mercearia.
No ano passado, as vendas por computador realizadas na América Latina, incluindo pedidos por sites externos, totalizaram US$ 160 milhões, dos quais US$ 90 milhões foram movimentados com empresas norte-americanas. Em cinco anos contados a partir de 1998, o nível de penetração do comércio eletrônico na América Latina vai crescer de 2% para 7%. Nos Estados, o aumento será de 7% para 24%; na Europa, de 3% para 11%, e na ásia, de 2% para 9%.
O estudo da BCG revela que, entre 1998 e 2003, o comércio eletrônico entre empresas vai alcançar US$ 2,8 trilhões em valores só nos Estados Unidos, o que representa crescimento de 33% ao ano no período. Hoje, o mercado norte-americano de business-to-business movimenta cerca de US$ 700 bilhões, enquanto todos os outros países combinados vendem e compram US$ 330 bilhões com o comércio eletrônico entre empresas. Para 2003, as projeções indicam que o e-commerce entre empresas movimentará US$ 1,8 trilhão, sem contar os Estados Unidos. Os setores mais envolvidos nas vendas eletrônicas serão varejo, veículos, equipamento industrial e produtos de alta tecnologia.