Bradesco reitera interesse no Banespa e em bancos regionais
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2000
por Kelly Lima
Ribeirão Preto, 20 (AE)- O diretor executivo do Bradesco
Roger Agnelli, disse hoje em visita à Ribeirão Preto (SP) que o banco é comprador em potencial, seja no caso do Banespa, ou de qualquer outro banco regional. "No caso do Banespa estamos estudando a fundo a possibilidade de comprar o banco, mas só vamos saber sobre as condições exatas de compra com o edital de venda a ser publicado em abril. Até lá, mantemos a postura de interesse no banco", disse.
O diretor executivo afirmou ainda que é estratégia do banco se posicionar com uma carteira maior de clientes e investimentos. "As três palavras chaves para o setor financeiro no Brasil este ano são concentração, escala e presença física. Os bancos que se definem como instituições de varejo vão tentar ampliar sua presença no mercado e os que ainda não se definiram, terão que se definir como bancos de varejo ou não", analisou. Para ele o ano é "mais um tumultado pela reestruturaçào do setor", mas em sua opinião, "o pior já passou". "Devemos ver este ano uma série de transformações no setor, mas todos estão otimistas com a recuperação de credibilidade no país por parte dos investidores estrangeiros", comentou.
Expansão - Ainda na entrevista, Agnelli disse que a empresa pretende expandir seu número de agências na mesma proporção de 1999, quando abriu um total de 55 unidades em todo o país. Ele descartou a possibilidade de fechar agências com a compra de outros bancos, como havia sido suposto que ocorreria com a compra do Baneb, na Bahia. "Tivemos a fusão de algumas agências, mas o banco assim como o BCN continuou tendo características próprias e teve o acréscimo de permitir ao cliente utilizar terminais do Bradesco também", disse. Fundos de investimento - Segundo Agnelli, o grande foco da empresa este ano será o segmento de fundos de investimentos. Conforme explicou, o Bradesco ocupa uma posição equivalente a 12,5% no mercado e quer crescer pelo menos um ponto percentual nessa posição com a conquista de nova base de clientes e investimentos. Atualmente o banco administra R$ 38 bilhões entre pessoas físicas e jurídicas, com uma base geral de oito milhoes de clientes. O banco também encerrou 1999 com patrimônio líquido de R$ 25 bilhões.
Segundo o diretor departamental do Bradesco, Carlos Roberto Parenti, que também esteve em Ribeirão hoje (20) pela manha, a "aposta" do Bradesco dos fundos de investimento, se deve ao "surpreendente crescimento que eles vem apresentando, saltando de um volume de R$ 116 bilhões em 98 em todo o país para cerca de R$ 200 bilhoes em 99. "É um nicho do mercado que queremos a liderança" disse Parenti.
Usinas - O diretor executivo do Bradesco, Roger Agnelli, disse também que não estão descartadas novas aquisições de usinas de cana-de-açúcar, como aconteceu há cerca de dois anos, quando o Bradesco passou a fazer parte da composição acionária da Usina Santa Elisa e Usina São Geraldo, ambas de Sertãozinho, para compor a Companhia Energética Santa Elisa. "O setor de energia, principalmente o segmento de cogeração é considerado como um filão. É a pauta do dia no mercado, por ter havido impulso tanto da desregulamentação do setor, como por conta das privatizações promovidas pelo governo. Mas as principais negociações do segmento devem sair somente nos próximos três anos", acredita. Ele disse que as empresas estão se organizando para investir em unidades de cogeração.
"O BNDES e o Banco Mundial tem interesse em investir nesse setor. Já têm até mesmo linhas d e crédito para isso e sempre existem conversas com as empresas com as quais mantemos contato para eventuais parcerias. Mas nada existe de concreto por enquanto", disse.