Curitiba - O Corpo de Bombeiros anunciou nesta terça-feira (4) que vai aumentar o efetivo terrestre na busca pelo monomotor que desapareceu na manhã de segunda-feira na Serra do Mar. A aeronave seguia de Umuarama (Noroeste) para Paranaguá (Litoral) quando perdeu contato por volta das 10h14 - a chegada estava programada para as 10h24. Estão desaparecidos dois funcionários da Casa Civil do governo do Paraná e o piloto.

A equipe de buscas terá 35 militares do Corpo de Bombeiros (até terça eram 16). Cinco aeronaves participaram das ações na região do Parque Nacional Guaricana, entre Morretes e Paranaguá: um helicóptero Black Hawk e um avião pelicano do Salvaero, da FAB (Força Aérea Brasileira); um helicóptero da Casa Militar do Paraná e dois helicópteros do BPMOA (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas), equipados com infravermelho.

“A busca não está sendo tão efetiva, devem ter passado por cima, se a aeronave estiver ali, e não devem ter visto nenhuma anomalia no terreno”, disse o major Fabrício Frazatto dos Santos, comandante dos Bombeiros no Litoral. “Vamos ter dificuldade de percorrer a área, é um terreno íngreme, de mata fechada. Devemos entrar com drones e alguns recursos adicionais.” Estão desaparecidos Felipe Furquim, de 35 anos, e Heitor Guilherme Genowei Júnior, 42, ambos funcionários da Casa Civil; e o piloto, Jonas Borges Julião, de 37 anos.

SEM LICENÇA PARA TÁXI AÉREO

No site da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) consta que a aeronave desaparecida não tem autorização para táxi aéreo. Isso significa que ela não pode transportar passageiros de forma comercial. O Piper Aircraft, modelo PA-28R-200, é um monomotor utilizado para viagens curtas e foi construído em 1974. Ele pertence a João Cezar Passos, de Umuarama, e como operadora consta o nome de Camila Pires Salviato. A Anac classificou como “normal” a situação de aeronavegabilidade do modelo.

Por meio de sua assessoria, o governo do Paraná confirmou que Felipe Furquim e Heitor Genowei estavam em agenda de trabalho, mas negou que tenha locado a aeronave. “Os servidores estavam em deslocamento para uma agenda de trabalho em Paranaguá. Eles avaliariam a atracagem de futuros navios de turismo no Litoral. O Governo do Estado está amparando os familiares nesse momento de apreensão”, informou a assessoria. “O Governo do Estado não tem relação com a contratação do avião.”

Advogado especialista em Direito Aeronáutico e piloto privado, Luiz Gustavo Braga explicou que a ausência de autorização para táxi aéreo não impede o transporte de pessoas, desde que ele não seja feito de forma comercial. “O transporte de pessoas é diferente do uso recreativo. Se eu quiser transportar pessoas de maneira comercial, preciso obter junto à Anac uma certificação específica.”

Além de questões relativas aos equipamentos necessários, a certificação garante a contratação de pilotos comerciais. “Você confia o transporte a uma empresa com know-how. As empresas só contratam pilotos que tenham certa experiência naquele tipo de avião”, disse o advogado. “O currículo do piloto é importante. Ele não pode entrar em uma empresa de táxi aéreo operando uma aeronave que não conhece, o risco é ampliado. Tem que ter horas de simulador. Nem toda aeronave tem simulador, então ele faz horas como copiloto.”

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Braga disse que já enfrentou tempo ruim na Serra do Mar. “Já tentei passar pela Serra e não consegui, tive que voltar. Se a Serra está fechada, tem que pousar e aguardar. Um piloto menos experiente pode tentar sair dessa área e bater em uma montanha. Mas seria precipitado falar qualquer coisa nesse momento.”