Bombeiros procuram vítimas de deslizamentos
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quarta-feira, 05 de janeiro de 2000
Por Jobson Lemos
Campos do Jordão, SP, 05 (AE) - Bombeiros disseram hoje ter resgatado quatro corpos em Campos do Jordão, mas a prefeitura confirmava apenas três mortes nos desmoronamentos de terra. Soldados do Corpo de Bombeiros de Taubaté, São José dos Campos e Guaratinguetá e do Exército procuram pelo menos dez desaparecidos. O tempo melhorou durante o dia, o que permitiu a comboios escoltados pela Polícia Militar chegar ou sair da cidade . A estrada está bloqueada por causa das barreiras e pelos risco de novos deslizamentos de terra.
À tarde e no início da noite houve pancadas de chuva, o que aumentou a preocupação de moradores e dos homens que trabalhavam na remoção da terra e escombros. "O pessoal do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) nos avisou para retirar o pessoal caso começasse a chover porque aqui é uma área de risco total", disse o tenente Marcos Antônio Bicudo.
Ele comandava o trabalho na Vila Santo Antônio, um vale, onde houve mais de dez deslizamentos de terra desde segunda-feira. O último deles ocorreu ontem à tarde. Uma encosta caiu arrastando várias casas."Tremeu tudo", lembra a empregada doméstica Daniele Fátima Souza, de 21 anos. Eram quase 15 horas quando ela ouviu um estrondo e olhou pela janela de sua casa que fica em uma área não foi atingida
A terra que desceu passou quase toda ao lado da casa do cozinheiro Adão Donizete Machado, de 39 anos. Enquanto uma retroescavadeira retirava o barro e as lajes que se misturavam ao lado de sua casa, ele carregava a mudança. "Vamos tentar tirar o telhado para construir em outro lugar." Ele morva no local há 20 anos e ontem ajudou no resgate de vítimas. "Na hora
havia muita gente ali."
Na pequena rua que existia onde os bombeiros trabalhavam
um grupo de pessoas conversava em frente a um bar. "Meu cunhado está desaparecido", disse Daniele. "Minha vizinha tentou fugir, mas foi soterrada", disse a camareira Maria Aparecida da Rosa, de 29 anos. Sua casa foi soterrada enquanto ela trabalhava. Seu pai, mãe, irmão, irmã, cunhada e sobrinho conseguiram sair antes de a terra arrastar as paredes. Do local, os bombeiros retiraram três corpos e acreditavam que ali ainda poderia haver outras nove vítimas.
Britador - No Morro do Britador, os bombeiros trabalham desde ontem (04) para resgatar o corpo de Maria Aparecida dos Santos, de 56 anos. Ela foi soterrada por volta das 2 horas quando o barranco atrás de sua casa cedeu e arrastou a casa onde estavam seu marido, o pedreiro Antônio Carlos Antunes, de 48 anos, e seu cunhado, Luiz Cláudio da Mota, de 39 anos.
Quando houve o estrondo da terra Antunes estava acordado
na cozinha. Mota estava em um quarto e Maria, em outro. Antunes conseguiu sair, mas não teve tempo de salvar a mulher e o irmão. Hoje, depois de sepultar o irmão, encontrado ontem, ele acompanhava o trabalho de busca do corpo de sua mulher com quem vivera nos últimos 19 anos. "Não deu tempo de ajudar." Antes da tragédia, parte do barranco perto da casa havia cedido. Ele, entretanto, confiou na observação de amigos de que onde estava não havia risco. "Disseram que não tinha perigo, por isso nós não saímos", disse com os olhos fixos nos escombros. "A casa era longe do barranco."
