Bolsonaro pede divulgação de nomes de técnicos da Anvisa que aprovaram vacina para crianças
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
MARIANNA HOLANDA E MATEUS VARGAS
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (16) que vai divulgar o nome das pessoas na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que aprovaram o uso da vacina Pfizer contra a Covid para crianças a partir de cinco anos. "Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos, queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento quem são essas pessoas e obviamente forme seu juízo", disse o presidente na transmissão semanal.
O mandatário fez questão ainda de ressaltar que a Anvisa não está subordinada a ele, e que não tem como interferir na agência. A Anvisa editou uma resolução, nesta quinta-feira, por técnicos, autorizando o uso da Pfizer para imunizar crianças. Até então, o modelo da fabricante tinha o uso permitido no país apenas em pessoas com mais de 12 anos.
Bolsonaro leu ainda alguns possíveis efeitos adversos da vacina, que constam na nota técnica da Anvisa, e disse que todos os pais deveriam lê-la. Segundo o presidente, ele "estudará" o documento com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para decidir se vacinará sua filha Laura, de 11 anos.
Uma vez que a vacina da Pfizer já possui registro, a decisão de ampliar o público-alvo é feita pela área técnica. Como o tema é sensível, os diretores fizeram um comunicado à imprensa sobre o tema, apenas referendando o que já havia sido decidido. A resolução será publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (17).
Pelo menos duas ameaças foram enviadas à Anvisa contra diretores e técnicos do órgão de grupos contrários à vacinação das crianças. No primeiro caso, o autor foi identificado e levado a depor.
A agência pediu proteção a dirigentes e técnicos mais expostos, mas a Polícia Federal ainda não concedeu, disse à reportagem o presidente da Anvisa, Antonio Barra-Torres. Ele disse não saber se o pedido foi negado ou está em análise, e a PF não respondeu à reportagem.
Apesar do anúncio da Anvisa, caberá ao Ministério da Saúde decidir quando iniciar essa vacinação, o que não deve ocorrer imediatamente, já que a pasta ainda não solicitou a compra das doses. A previsão é imunizar 70 milhões de crianças.
De acordo com a Pfizer, o contrato para fornecimento de 100 milhões de vacinas em 2022 inclui a possibilidade de entrega das versões modificadas do imunizante, tanto para combater a nova variante ômicron como para proteger crianças. A farmacêutica confirmou que nenhum a dose pediátrica foi enviada ao Brasil.
A empresa disse que não é preciso realizar um aditivo no contrato. Para garantir a entrega das doses específicas das crianças, basta um pedido do ministério. A Pfizer não informou em quanto tempo pode enviar essas vacinas após ser acionada pela Saúde. Gestores do ministério estimam que as doses comecem a chegar no próximo mês. Procurada, a pasta não se manifestou.

