Brasília e Washington - Em discurso na Cúpula do Clima, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter determinado a duplicação dos recursos destinados para ações de fiscalização ambiental. "Medidas de comando e controle são parte da resposta. Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização", disse.

Ricardo Salles e Bolsonaro durante a Cúpula do Clima, reunião internacional organizada pelo americano Joe Biden
Ricardo Salles e Bolsonaro durante a Cúpula do Clima, reunião internacional organizada pelo americano Joe Biden | Foto: Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro esperou por mais de uma hora e meia para falar na reunião internacional organizada pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Antes dele, numa lista elaborada pelos americanos, discursaram quase duas dezenas de líderes, entre os quais os governantes de China, Índia, Rússia, França e Argentina.

O líder americano, anfitrião do encontro, não acompanhou o discurso de Bolsonaro na sala onde os pronunciamentos são exibidos. O democrata pediu licença antes da fala do presidente argentino, Alberto Fernández, e não voltou a tempo de assistir à participação do mandatário brasileiro.

Em seu pronunciamento, Bolsonaro destacou que o Brasil "está na vanguarda do enfrentamento do aquecimento global" e ressaltou que o país participou com menos de 1% das emissões históricas de gases poluentes. "No presente, respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais."

Frustrando uma das expectativas dos americanos, Bolsonaro não anunciou novas NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada, meta de descarbonização assumida no âmbito do Acordo de Paris). Ele repetiu as metas já assumidas pelo país, de cortar emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, e o compromisso assumido em carta enviada a Biden, de reduzir o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. Em um pequeno avanço em relação ao que disse no documento ao líder americano, afirmou que o Brasil pretende alcançar a neutralidade climática até 2050, "antecipando em dez anos a sinalização anterior".

Na correspondência, Bolsonaro havia tratado a antecipação da meta como uma possibilidade, "caso seja possível viabilizar recursos anuais significativos, que contribuam nesse sentido​". O líder brasileiro fez também um apelo por contribuições internacionais, na linha do que vem defendendo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "Diante da magnitude dos obstáculos, inclusive financeiros, é fundamental poder contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas dispostos a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução desses problemas", discursou.

Bolsonaro ainda defendeu na fala a regulamentação de trechos do Acordo de Paris que tratam do mercado de carbono. "Os mercados de carbono são cruciais como fonte de recursos e investimentos para impulsionar a ação climática, tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como indústria, geração de energia e manejo de resíduos", afirmou.

"Da mesma forma, é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta, como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação."​

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