Bolsas dos EUA despencam e levam as demais
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terça-feira, 04 de janeiro de 2000
Nova York, 4 (AE-DOW JONES)- As bolsas dos Estados Unidos despencaram hoje (4) e arrastaram o o mercado mundial. Um forte movimento de realização de lucros - só nos cinco últimos pregões do ano passado, a Bolsa de Nova York acumulou alta de 12,39% - foi sustentado pelo temor de que os bancos centrais dos EUA e da Europa elevem os juros acima do que já se esperava.
A Bolsa de Nova York fechou em queda de 3,17%, em 10.998 pontos. O Índice Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, registrou a maior queda em um dia de seus 29 anos de existência. Caiu 5,57%.
Os efeitos dos tremores nos EUA, que começaram na segunda-feira com uma queda de 1,22% no Índice Dow Jones, logo foram sentidos na maioria dos mercados do mundo.
As três principais bolsas européias operavam em queda já no pregão da manhã, influenciadas pela queda do Dow Jones na segunda-feira. A Bolsa de Londres caiu 3,81%, a de Frankfurt, 2 43%, e a de Paris, 4,15%.
A maioria das bolsas asiáticas - como Hong Kong, que caiu 1 71% - sofreu o mesmo efeito. O único mercado acionário importante a registrar alta hoje foi a Bolsa de Tóquio, que subiu 0,36%, influenciada pelos ganhos de segunda-feira no Nasdaq. O índice americano, no entanto, hoje cedeu às pressões e acompanhou a queda generalizada.
A previsão do mercado era de que houvesse um movimento de realização de lucros nos dias que antecederam o ano novo, por causa das fortes altas das bolsas em dezembro e também por precaução contra o bug do ano 2000. No entanto, não houve a realização de lucros e tanto as bolsas americanas quanto a brasileira fecharam o ano batendo recordes.
"Vemos os mercados subir todos os dias e a realização esperada nunca acontece", dizia um operador brasileiro no fim do ano.
Mas na segunda-feira, a divulgação do índice de atividade industrial da Associação Nacional dos Gerentes de Compras dos EUA (NAPM), que ficou em 55,5 em dezembro, indicando que a produção cresceu pelo 11.º mês consecutivo nos EUA, acirrou os temores em relação ao aumento das taxas de juros.
Embora o mercado já esperasse uma elevação nos juros em fevereiro, para conter a aceleração da economia e a inflação que ela poderia causar, o indicador criou a expectativa de que a alteração será mais drástica do que se esperava, de até um ponto porcentual na taxa básica, que está em 5,5% ao ano.
Hoje, um novo indicador reforçou a expectativa do mercado. Os gastos com construção cresceram 2,6% em novembro nos EUA, acima das expectativas.
Os juros dos títulos do Tesouro cederam dos níveis recordes de segunda-feira. Segundo operadores, a remuneração dos papéis ficou tão alta que provocou movimento de compras. A procura acabou provocando alta nos preços e queda nos juros do papel. Às 17h10 (de Brasília), o juro projetado pelos T-Bonds de 30 anos estava em 6,545%, ante 6,624% na segunda-feira.