Rio, 06 (AE) - A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) aceitou, "com algumas alterações", a proposta apresentada pela praça paulista para a criação de um mercado único nacional. É o fim de uma rivalidade que durou anos e gerou inúmeros boatos - de um lado afirmando que a Bolsa de São Paulo (Bovespa) compraria a carioca e, do outro, de que a praça do Rio lançaria um produto inovador que tiraria o mercado de São Paulo.
Hoje o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Francisco da Costa e Silva, passou a tarde reunido com o presidente da BVRJ, Carlos Reis, e técnicos da instituição para fechar os últimos detalhes.
Segundo uma alta fonte da CVM, as corretoras membros da praça carioca já deram o aval para o projeto e os últimos detalhes que faltam dizem respeito a proporção de troca dos títulos patrimoniais. Apesar de ser um ponto fundamental nas discussões, a fonte garante que já está tudo praticamente acertado com a Bovespa. "A idéia é que a fusão seja anunciada até o final do mês", ressaltou a fonte.
O projeto apresentado pela praça paulista - que tem como base a criação de um mercado acionário comum, mas com o fechamento das operações em São Paulo, e um sistema nacional de títulos, gerenciado pela praça carioca - é considerado pelo mercado bom para as duas partes e principalmente para a revitalização do setor. "Foi a coisa mais inteligente que podia acontecer; o mercado brasileiro não tinha mais condição de manter duas bolsas; um acordo como esse tinha que ter sido acertado no mínimo um ano atrás para não perder tanto os negócios para a Bolsa de Nova York", ressaltou o presidente da Associação Brasileira de Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), Eron Mattos.
Além disso, fecha com chave de ouro a passagem de Francisco da Costa e Silva pela CVM. O executivo deixa a autarquia no final do mês. Nos seis anos que esteve na Comissão - quatro deles como presidente e dois como diretor - Costa e Silva sempre defendeu a criação de um mercado acionário comum, mas foi a disposição do Banco Central de criar um mercado secundário de títulos públicos que tornou viável um acordo entre as duas principais bolsas.
Pela proposta, as corretoras do Rio tornam-se membros da Bovespa e vice-versa, tanto no mercado acionário quanto no de títulos públicos. A Bovespa faria um split (divisão) dos seus títulos em 12 novos títulos.
A quantidade de títulos que cada membro teria direito estaria condicionada à região, onde Rio e São Paulo teriam direito de ficar com até quatro títulos patrimoniais da Bovespa. A Câmara Brasileira de Custódia e Liquidação (CBLC) compraria alguns títulos da praça paulista, que seriam dados para os corretores do Rio em troca da Câmara de Liquidação e Custódia (CLC). Por sua vez, a BVRJ faria um desdobramento dos seus títulos, que seriam comprados pelas corretoras paulistas.