A redução do intervalo de aplicação das segundas doses das vacinas produzidas pela Pfizer e pela farmacêutica AstraZeneca, de 90 para 60 dias, não está nos planos da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Pelo menos por enquanto. A medida vem sendo estudada pelo Centro de Contingência de São Paulo como estratégia para conter o avanço da variante delta no estado e leva em consideração estudos que apontam para o bom desempenho das vacinas também contra esta variante. Entretanto, ainda não há um consenso entre os especialistas do estado vizinho sobre qual seria a melhor caminho a ser seguido já que a antecipação poderia atrasar o início da vacinação dos mais jovens. Até agora, 16 casos da variante delta já foram confirmados no País.

Imagem ilustrativa da imagem Beto Preto descarta antecipar aplicação de 2ª dose para conter variante Delta
| Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Em entrevista à FOLHA nesta semana, o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Beto Preto (PSD), avaliou que o momento requer certa cautela com relação a colocar em prática a medida. “A iniciativa de São Paulo, nós estamos avaliando aqui com a nossa equipe, mas, principalmente, aguardando o que vai falar o Ministério da Saúde em relação a essa antecipação. Porque, de uma maneira ou de outra, a nossa vacinação segue regras e ela tem esse ‘atrasamento’, que é você colocar já o prazo para a segunda doses, e quando possível guardar os estoques. Nós temos todas as segundas doses guardadas, não vamos ter falta como em março e abril”, garantiu.

A avaliação do secretário foi feita no dia seguinte à confirmação do quarto caso e da segunda morte causada pela variante delta no estado. Além do Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais e São Paulo são os estados que já confirmaram ao menos um caso da variante indiana, considerada ainda mais transmissível.

Beto Preto também justificou que a Secretaria leva em conta não apenas o planejamento para a aplicação das segundas doses, mas as “intercorrências” que vêm sendo registradas durante a vacinação. “Essa questão dos cidadãos que tentam escolher a vacina, algum percentual que tomou a primeira dose e não retornou para a segunda dose. Isso tudo nós temos passado”, explicou.

Questionado se concorda com a ideia proposta pela vereadora londrinense Flávia Cabral (PTB), de se estabelecer uma penalização aos cidadãos que tentam “escolher” o tipo do imunizante deixando-os por último na fila, Preto disse ter dúvidas sobre o poder de “convencimento” desta medida. “Eu não sei se isso vai conseguir punir alguém porque estamos olhando para o final da fila já para o mês de setembro. Eu quero insistir que muito mais do que impositivo, nosso aspecto aqui é humanístico. Precisamos ganhar pelo convencimento”, justificou.

Como argumento, explicou que a taxa de pacientes internados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com mais de 60 anos caiu de 65% em fevereiro para a 27% atualmente. “O que quer dizer isso? É o resultado positivo da vacinação dos idosos com Coronavac. Está dando certo. Quanto mais vacinas aplicadas, mais certo vai dar. E, claro, demora um pouquinho para fazer o efeito, talvez, mas ao longo do tempo vamos ver que nossas vacinas aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) têm resultado importante na prevenção e na garantia da evolução mais branda da doença”, avaliou.

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