Estocolmo, 06 (AE-AP) - O cineasta Ingmar Bergman, de 81 anos
disse em uma entrevista que a morte de sua mulher lhe deixou insensível e que prefere o suicídio a presenciar a deterioração de seu próprio corpo.
Falando ontem (05) à noite à rede de televisão sueca TV4, Bergman descreveu a dor que sentiu pela morte, por câncer, de sua mulher Ingrid, em 1985. "Sempre brincávamos de que eu seria o primeiro a morrer. Ela me tomava a mão e a apertava entre as suas", disse Bergman. "Ao contrário, foi ela quem morreu primeiro. Fiquei paralisado. A coisa mais cruel que me aconteceu. Não me importa em absoluto se continuo vivendo ou não".
O diretor quase nunca fala com a imprensa, mas concordou com a entrevista porque fora realizada em um clima informal com seu amigo e ator Erland Josephson.
Bergman não descarta o suicídio. "É terrível converter-se em um vegetal e ser uma carga para os outros. Mas uma pessoa pode decidir se quer continuar ou não", disse. Quando lhe perguntaram se se referia ao suicídio, respondeu que "sim".
Bergman, diretor de "Fanny e Alexander" e "O Sétimo Selo"
é um solitário que passa a maior parte de seu tempo em sua casa nas Ilhas Faeroe, a 160 quilômetros ao sudoeste de Estocolmo.