Desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou decreto inserindo academias de ginástica, além de salões de beleza e barbearias, no rol de "serviços essenciais", ou seja, que não poderiam ser fechados durante a pandemia do novo coronavírus, empresários do setor, profissionais e alunos vivem a expectativa de reabertura.

O prefeito Marcelo Belinati defendeu, durante live neste domingo (17), que as academias possam voltar a funcionar, desde que que sigam protocolos rígidos de higienização e segurança determinados no plano de contingência. Uma reunião na próxima quinta-feira (21) deve definir a situação dos mais de 300 estabelecimentos do setor.

"O prefeito (Marcelo Belinati) puxou para ele a responsabilidade. Foi construído um plano de contenção e atendimento a todas as modalidades, que vai ser analisado pelo Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública). Estamos otimistas", conta o vereador Fernando Madureira (PTB), um dos líderes do movimento de reabertura. Ex-técnico da Seleção Brasileira de Taekwondo, ele é proprietário de duas academias na cidade, que empregam oito funcionários e atendem 400 pessoas.

"A gente quer voltar às atividades não só pela parte comercial. Tem muito aluno adulto que é hipertenso, obeso, que tem indicação de psicólogo pelo aspecto emocional e que precisa de uma atividade física para extravasar. Também tem criança indicada por médico ou pedagogo que é hiperativa, tem deficit de atenção. O esporte ajuda nisso tudo", argumenta. A Curves, voltada exclusivamente para mulheres, anunciou o enceramento de suas atividades após 12 anos. "A gente olha os dois lados. Tem de pensar na pandemia. Mas academia também é saúde mental. Você vai lá, conversa. Ficar só em isolamento em casa é complicado. Muita gente está com depressão e o exercício ajuda na socialização, para pessoas que têm hipertensão etc", diz a professora Michele Neves, que trabalhava lá havia 11 anos e agora está desempregada.

O governador Ratinho Junior (PSD) determinou o fechamento dos serviços em 20 de março, seguindo critérios da OMS (Organização Mundial de Saúde), que recomenda o isolamento social, e, até então, vinha ignorando a orientação presidencial. De acordo com o chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD), porém, o posicionamento do Palácio Iguaçu é mais "orientativo".

"Tanto academia, como igreja e shoppings, são matérias infraconstitucionais. Não somos nós que mandamos fechar. Se um município decretar a abertura, o Estado não pode proibir. O que vamos começar a fazer, através dos protocolos da Comissão de Saúde, é regulamentar os procedimentos de funcionamento. O Supremo (Tribunal Federal) já decidiu que não podemos legislar sobre essa matéria. É para orientar", explica.

Ainda segundo Silva, a ideia é estabelecer esse protocolo ao longo dessa semana. Ele frisou que cada cidade tem uma realidade diferente e espaço para legislar. O que deve prevalecer, completa, é o bom-senso. "Por exemplo: em Cascavel os shoppings estão abertos; em Curitiba não. Está muito disforme. Depende se o município tem baixo nível de infectados, leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com certa folga etc", acrescenta.