BeiraOMar deve chegar hoje ao Brasil
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domingo, 22 de abril de 2001
Agência Estado De Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, confirmou ontem à tarde que o traficante Fernandinho Beira-Mar, preso sábado na Colômbia, deve ser extraditado em menos de 24 horas. Lafer tem estado em contato direto com as autoridades colombianas presentes em Quebec (Canadá) para a Cúpula das Américas, incluindo o presidente colombiano Andres Pastranas, que comunicou pessoalmente o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a prisão de Beira-Mar. Já existe um entendimento bilateral de que a Colômbia mandará Beira-Mar para o Brasil, afirmou Lafer.
O traficante Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso pelo exército colombiano, na cidade de Maranduba. Com ele estavam um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Acacio Medina, conhecido como Nego Acácio, chefe da frente 16 das Farc, além de um médico brasileiro, apelidado de Dentista.
Beira-Mar estava foragido desde 1999, quando fugiu do núcleo da Polícia Civil, em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Federal (PF), o traficante mais famoso do País está sem três dedos da mão e com um braço quebrado, provavelmente resultado de um tiroteio ocorrido em fevereiro deste ano em Barrancominas, zona de controle da guerrilha das Farc na Colômbia.
A PF informa ainda que o traficante será transferido para Villa Vicencia e, posteriormente, para Bogotá. A Polícia Federal deve mandar um avião à Colômbia para trazer Beira-Mar de volta ao Brasil.
O ministro da Justiça José Gregori enviou ontem ao governo da Colômbia um pedido de extradição do traficante. Oficialmente, o governo brasileiro, que tem interesse na expulsão, somente pode pedir a extradição de Beira-Mar, uma vez que a deportação ou expulsão cabe apenas ao País onde o deportado se encontra.
Um processo de extradição, porém, pode durar até três meses, ao contrário da expulsão, que pode ser imediata. Neste caso, basta ao governo colombiano decretar que o traficante é persona non grata e que está em situação irregular no País. Para garantir a volta do traficante ao Brasil, caso seja confirmada a expulsão, foram enviados ontem à Colômbia dois delegados e quatro agentes da Polícia Federal.
De acordo com Lafer, um pedido formal de extradição levaria tempo, pois seria necessária a autorização do Judiciário dos dois países, já que Brasil e Colômbia não têm formalizado um acordo de extradição.