São Paulo, 04 (AE) - O diretor financeiro e de relações com o mercado da BCP Telecomunicações, Renato Friedrich, disse hoje que a companhia decidiu abrir o capital com o objetivo exclusivo de emitir debêntures. "Não temos a intenção de emitir ações", afirmou. Segundo ele, o registro de companhia aberta da BCP, operadora da Banda B de telefonia celular na região metropolitana de São Paulo e em seis Estados do Nordeste, deve ser concedido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda na primeira quinzena de janeiro. A empresa deve iniciar, até o final do mês, a colocação de R$ 500 milhões em debêntures simples, com prazo de cinco anos e repactuação em dois.
A operação, que será coordenada pelo Banco ABN AMRO e subsidiárias brasileiras do Bank of America e WestLB, prevê a emissão de 10 mil títulos, ao valor nominal unitário de R$ 50 mil. Friedrich disse o preço de subscrição será de 99,6% do valor de face dos papéis. Ele explicou que a captação visa a alterar parte das fontes de financiamento da BCP. A companhia possui hoje um endividamento total de US$ 1,750 bilhão, originado de empréstimos internacionais sindicalizados por bancos, sendo que US$ 1,425 bilhão vencem no próximo mês de março. Desse montante, US$ 175 mil são devidos à BellSouth, acionista da BCP, juntamente com o Grupo Estado de S.Paulo, RBS, Grupo Safra, Splice e BSB Participações. Restam, portanto, US$ 1 250 bilhão em poder do mercado.
O diretor afirmou que o objetivo é utilizar os R$ 500 milhões da emissão de debêntures para reduzir a dívida. Sobre o valor restante, cerca de US$ 1 bilhão, Friedrich comentou que a companhia deve decidir até março quanto será renovado por meio de empréstimo externo sindicalizado e quanto será convertido em financiamentos ligados a organismos internacionais de fomento, provave lmente do Canadá e Estados Unidos. Câmbio - Segundo o diretor financeiro e de relações com o mercado da BCP Telecomunicações, Renato Friedrich, o impacto da mudança cambial foi o principal responsável pelo prejuízo de R$ 960 milhões da companhia em até setembro de 99. Ele explicou que o efeito do câmbio sobre a dívida de US$ 1,750 bilhão gerou uma perda de aproximadamente R$ 1,276 bilhão no período. Friedrich lembrou que não há como comparar os resultados com o balanço encerrado em setembro de 98, pois a BCP iniciou suas operações em maio daquele ano.
A receita líquida nos nove primeiros meses de 99 totalizou R$ 904 milhões e o lucro bruto fechou em R$ 461 milhões. O resultado operacional ficou negativo em R$ 1,437 milhão. Em 30 de setembro, a empresa possuía patrimônio líquido de R$ 481 milhões e ativos totais de R$ 4,165 bilhões.